Movimento republicano ganha força na Austrália
26 de janeiro de 2016A pressão sobre o governo australiano para cortar os laços com a monarquia britânica aumentou no Dia da Austrália, comemorado nesta terça-feira (26/01), após o discurso do ex-líder do Exército David Morrison ao receber o título de Australiano do Ano de 2016. O feriado nacional celebra justamente o início da colonização britânica na região.
Em seu discurso, na noite desta segunda-feira, Morrison afirmou que pretende usar sua notoriedade em prol da campanha republicana que visa o corte dos laços constitucionais com o Reino Unido.
O militar defendeu ainda a realização de um referendo sobre o futuro do sistema político do país. "Sou integrante do movimento republicano. Tenho sido republicano a minha vida toda. Quando servi ao Exército, esses pontos de vista, porém, eram privados", disse Morrison a uma emissora australiana.
A Austrália é uma monarquia constitucional e tem como soberana a rainha britânica, Elizabeth 2ª. Seu papel na liderança do país é sobretudo cerimonial, mas a monarca tem o poder de dissolver o Parlamento, como já aconteceu em 1975.
Em 1999, mais da metade dos australianos disseram não à república em um referendo. No entanto, o Movimento da República Australiana voltou a ganhar força recentemente. Governantes de sete dos oito estados e territórios do país assinaram nesta segunda-feira uma declaração de apoio à iniciativa e defenderam que o país se torne uma república até 2020.
"Já passou a hora de a Austrália se tornar uma nação soberana. Qualquer país independente que se preze deseja que seus cidadãos escolham seu chefe de Estado", afirmou Jay Weatherill, governador da Austrália do Sul.
As esperanças de mudança no sistema político aumentaram no ano passado, quando Malcolm Turnbull, um republicano convicto, assumiu o posto de primeiro-ministro, em setembro. Apesar de defender a república, Turnbull disse que a questão não era prioridade e afirmou que a realização de um referendo durante o reinado da atual monarca seria improvável.
O apoio da população para a mudança vem oscilando nos últimos anos. Pesquisas recentes, no entanto, apontam que uma pequena maioria é a favor.
CN/rtr/ap/afp