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Napster é o pesadelo da Bertelsmann

(am)6 de junho de 2003

Para a Bertelsmann, maior empresa alemã de mídia, a internet pareceu ser o caminho certo para uma expansão ainda maior. Mas o sonho acabou tão rapidamente como começou.

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Sede da Bertelsmann em GüterslohFoto: AP

Thomas Middelhoff quis fazer da tradicional editora Bertelsmann, sediada em Gütersloh no norte da Alemanha, uma das maiores e mais modernas empresas mundiais na internet. Seu êxito, no entanto, não correspondeu às enormes expectativas: a livraria online BOL tornou-se um fiasco e a aquisição da bolsa de intercâmbio de músicas Napster trouxe mais problemas que alegrias. Middelhoff já não é mais o chefe da Bertelsmann, mas as dores de cabeça com a Napster continuam.

Até o momento, não existe nenhuma declaração da Bertelsmann sobre o assunto. Mas pode-se considerar como certo que a onda de processos nos Estados Unidos é um enorme estorvo para a empresa. Tudo começou com a ação judicial de duas pequenas gravadoras e dois conhecidos compositores, em fevereiro passado: Jerry Leiber e Mike Stoller reivindicaram uma indenização de 17 bilhões de dólares pela violação dos seus direitos autorais, através da Napster. DW-WORLD noticiou o fato (v. link abaixo).

Gravadoras ampliam o processo

O enorme volume financeiro do primeiro processo pode ser extrapolado por novas ações na Justiça. Pois também gravadoras de grande porte decidiram seguir o exemplo dos músicos, reclamando indenizações por perdas e danos. Há cerca de três semanas, a Universal Vivendi aderiu ao processo movido por Leiber e Stoller. E agora, o mesmo caminho foi tomado por uma das empresas gigantes do setor: EMI, a terceira maior gravadora do mundo.

A acusação inicial foi de que, ao prestar uma ajuda financeira da ordem de 100 milhões de dólares à Napster, a Bertelsmann teria contribuído para impedir a falência de uma empresa que distribuía, para todo o mundo, cópias ilegais de músicas protegidas por direitos autorais.

A adesão das gravadoras ao processo levou a uma ampliação das acusações: a Bertelsmann teria não apenas possibilitado o furto de gravações protegidas por direitos autorais, mas até mesmo encorajado a isto. Afinal, a empresa de Gütersloh não apenas financiou a Napster, mas também participou do seu gerenciamento.

No momento, a própria gravadora EMI está tentando fincar pé na distribuição musical pela internet. E seus diretores acreditam ter uma boa chance de ganhar o processo contra a Bertelsmann. O que beneficiaria os artistas contratados pela gravadora, afirmam.

Planos de fusão

Para os conhecedores do setor restam, porém, várias dúvidas. Por que as gravadoras investem agora contra a Bertelsmann? Hoje, a Napster pertence ao passado e à história da internet. Mas, três anos atrás, a indústria musical mostrou-se bastante agradecida que a Bertelsmann tenha tornado inofensivo o fantasma da Napster.

Além disto, surpreende o fato de que a Vivendi tenha aderido ao processo. Afinal, a empresa também atuou temporariamente no mesmo setor da Napster, tendo adquirido para isto a bolsa de intercâmbio musical "mp-free.com". O que, na época, despertou a ira da indústria musical.

Ao que tudo indica, a onda de processos judiciais visa sobretudo impedir a planejada fusão entre as divisões musicais da Bertelsmann e da AOL Time Warner. Caso se concretize, tal fusão resultaria então na maior empresa mundial do setor de música.