Nasce mais uma estrela alemã?
8 de setembro de 2003Desde o "estouro" de Franka Potente em 1998 com Corra, Lola, corra, o mundo tem esquecido as atrizes e o cinema alemão em geral.
Pois quem já ouviu falar em Katja Riemann? Ninguém? Mas isso vai mudar: contrariando todas as expectativas, a Alemanha saiu do Festival de Cinema de Veneza com o Leão de Ouro para Melhor Atriz. Graças ao trabalho de Katja em Rosenstrasse, de Margarethe von Trotta, o único filme alemão incluído na mostra competitiva este ano. Von Trotta é a mesma diretora que em 1981 conquistou o prêmio máximo do Lido com Os anos de chumbo (Die bleierne Zeit)
Apesar de contar com um fiel fã-clube na terra natal, Katja Riemann é uma ilustre desconhecida para o público não germânico. Nascida há 39 anos no norte alemão, a laureada formou-se no Teatro Estadual da Vestfália, na Escola Superior de Música de Hanôver e no Kammerspiele de Munique. No início da década de 90, começou a atrair o interesse nacional por sua atividade cinematográfica.
Em 1994, a comédia O homem mais que desejado (Der bewegte Mann) chegou até a atravessar as fronteiras da Alemanha. Ao lado de Til Schweiger (Lara Croft – A origem da vida), ela representava uma mulher emancipada, porém confusa, à procura de um caminho na vida. Após conseguir escapar da fixação em papéis cômicos, estrelou uma série de thrillers, dos quais Die Apothekerin (A farmacêutica, 1999) foi o de mais sucesso.
Sucesso e política
Séria concorrente ao título inoficial de "A Grande Dama no Novo Cinema Alemão", Katja é também muito solicitada pela TV. Loura, alta, esguia e ligeiramente estrábica, ela se classifica como uma pessoa vaidosa: "Porém não sou uma atriz vaidosa!" Uma auto-avaliação que se confirmou em Rosenstrasse, onde incorpora com notável entrega e serenidade o dramático papel de uma mulher pronta a protestar nas ruas para que o governo nazista liberte seu marido.
Mas não foi apenas seu talento de atriz que fascinou Veneza. Traindo o "fraco" dos italianos por belezas loiras e de olhos azuis, a crítica a aclamou no dia seguinte à premiação: "Bellissima!". Katja, que estreou em 2002 o filme infantil Bibi Blocksberg, empenha-se nas horas vagas pelas mulheres e crianças de todo o mundo. Como embaixadora do Unicef, a mãe de uma menina tem protestado contra o cruel ritual da circuncisão feminina na África.
Artista versátil, já lançou alguns livros infantis e, em 2000, até um álbum solo, Nachtblende, recebido com reticência pela crítica. Certamente um desapontamento para Katja Riemann, que em 1997 mantivera durante semanas o primeiro lugar nas paradas alemãs, por suas melodias e letras para a trilha sonora do filme Bandits.
Agora Katja Riemann tem o mundo do cinema a seus pés. Quem sabe, acaba de nascer uma nova estrela?