Natureza dentro de casa é tendência em feira de móveis e decoração

Um dos principais, senão o grande destaque da IMM, feira de móveis e decoração que acontece em Colônia, é a Casa 2013 de Luca Nicholetti. Pelo segundo ano, os organizadores convidaram um designer de renome internacional para apresentar sua visão de uma casa do futuro.

A casa de Nicholetti tem 60 metros quadrados, com vasos de flores na fachada, uma horta com frutas e vegetais diante da entrada, brócolis e ruibarbo na cozinha. "Queria projetar uma casa que respeitasse o meio ambiente. As florestas tropicais são muito importantes para o planeta. Por isso as plantas também estão no centro do meu projeto", explica o designer.

Entre o italiano e o escandinavo

Na verdade, Nicholetti é um designer à moda antiga. Mas o veneziano tem, também, a reputação de ser um rebelde. Provavelmente ele é ambos: sua técnica é tradicional, mas conceitualmente ele está desbravando novos caminhos. Nicholetti une a elegância italiana com a funcionalidade e a praticidade escandinava. "Minha principal preocupação era que a casa não fosse impessoal e fria, como um showroom. Ela deveria unir beleza e funcionalidade."

Nicholetti queria se livrar das clássicas divisões dos espaços internos. "O que importa para mim é a relação de troca entre cozinha, sala e quarto", explica. Por isso não há espaços fechados, mas ainda assim é possível perceber em que ambiente se está.

A especialista em tendências de design Ursula Geismann, da associação alemã da indústria moveleira, também percebe a tendência de fusão dos diversos ambientes. A cozinha se torna cada vez mais o centro da casa, e a sala de estar, um lugar de recolhimento. "Quando reunimos os amigos, ficamos até tarde sentados na cozinha, conversando", diz.

Antiga tradição

Nicholetti abriu conscientemente mão de um elemento: "Não há televisão na casa, e isso é de propósito. Na Itália só temos notícias ruins e tristes". E essas o designer quis deixar do lado de fora.

Trazer a natureza para dentro de casa não é uma ideia nova. Nicholetti se filia a uma antiga tradição. "Nos anos 1950, os arquitetos japoneses já faziam isso, ou americanos como Charles e Ray Eames. Para eles, ter plantas dentro de casa era muito importante. Quero dar continuidade a essa ideia, mas com algumas mudanças, trazendo o conceito para o presente."

Nicholetti não é o único designer que traz o universo das plantas para dentro de quatro paredes. Deixar os ambientes mais verdes é uma tendência mundial que inclui grandes vasos cúbicos com flores ornamentais, um jardim de parede (de cujas inúmeras aberturas o verde indiscretamente sai) e também uma galhada de cervo feita de plantas – uma alusão cheia de humor a esse tradicional enfeite de parede de antigas salas de estar alemãs.

A natureza também desempenha um papel importante na escolha dos materiais: feltros, peles e madeira estão em alta. Tapetes e almofadas parecem terem sido tricotados a mão, móveis de madeira antiga tem um aspecto artesanal. Tudo único, afinal uma madeira nunca é igual à outra. "A paixão pela natureza está refletida tanto na decoração com nos acessórios, assim como na seleção de materiais para os móveis", diz Geismann. "Natural, autêntico e honesto são algumas das palavras-chave da temporada", completa.

Em resposta a essa demanda, os fabricantes apostam nos sentimentos associados a ela: os desejos de realidade e sensualidade num mundo em que a mobilidade e a virtualidade têm um papel cada vez maior. Assim, morar de uma maneira mais verde se traduz em móveis e acessórios confortáveis, que transmitem uma sensação agradável e falam a todos os sentidos.

Autora: Birgit Görtz (mas)
Revisão: Alexandre Schossler