Negociação com Irã é retomada em meio a incerteza
1 de abril de 2015As seis potências mundiais voltaram a se reunir nesta quarta-feira (01/04), na cidade suíça de Lausanne, com o Irã para tentar superar os últimos pontos de discórdia e chegar a um acordo sobre a questão nuclear.
Um acordo preliminar deveria ter sido firmado até a meia-noite de terça-feira, mas, sem consenso, o prazo acabou estendido. Rússia e Irã mostram otimismo, enquanto os Estados Unidos, que chegaram a ameaçar se retirar das conversas, vêm optando pela cautela.
"Fizemos progresso suficiente nos últimos dias para justificar uma permanência até quarta-feira", disse a porta-voz interina do Departamento de Estado, Marie Harf, em comunicado. “Existem várias questões difíceis ainda em aberto.”
Há uma semana, Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China têm tentado quebrar o impasse nas negociações. O objetivo é impedir o Irã de adquirir capacidade para desenvolver uma bomba nuclear. A contrapartida seria o alívio das sanções que pesam sobre a República Islâmica.
Na manhã desta quarta-feira, em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores chinês disse ter havido avanços nas conversas. "É preciso ser dito que o pensamento em torno de uma solução é claro, as posições das partes está ficando mais próxima, há progressos significativos em assuntos-chave", diz a nota.
Os chanceleres de Rússia e França já deixaram a Suíça. O dia foi iniciado com uma reunião de diplomatas dos seis países envolvidos nas negociações.
Enviados de ambos os lados disseram que os pontos de maior discordância são a retirada das sanções e as exigências dos iranianos em ter direito irrestrito à pesquisa e desenvolvimento de centrífugas nucleares avançadas, após a vigência dos primeiros dez anos do acordo.
O acordo preliminar tem a intenção de estabelecer as bases para a assinatura, até 30 de junho, de um tratado final, para resolver a longa disputa nuclear. Este prazo, porém, as potências afirmam não querer adiar.
A negociação conta com a resistência de aliados americanos no Oriente Médio, como Arábia Saudita e, sobretudo, Israel. Para eles, permitir que o Irã desenvolva qualquer atividade nuclear estará legitimando um regime e lhe dando a chance de ampliar sua influência.
Para o presidente Barack Obama, no penúltimo ano de seu segundo mandato, alcançar um acordo pode ser o maior feito – e legado – de sua passagem pela Casa Branca. Nos últimos meses, ele se comunicou frequentemente por carta e telefone com o presidente iraniano, Hassan Rohani, e destacou o secretário de Estado John Kerry para conduzir as negociações.
RPR/ap/rpr/afp