Ucrânia
9 de fevereiro de 2010Viktor Yanukovich, um político pró-Russia, e Julia Timoshenko, com perfil pró-ocidental: assim são identificados, há anos, os candidatos que disputaram a presidência na Ucrânia. Na opinião de Amanda Paul, especialista em Ucrânia do Centro de Política Europeia, essa maneira de ver os dois políticos pode estar um pouco destorcida.
"Sobre a relação com a União Europeia (UE), quase não há diferença entre ambos. Os dois procuram balancear a relação tanto com a UE como com a Rússia. E Yanukovich mudou muito. Atualmente, os homens do Kremlin não estão mais tão próximos a ele como antes. Eu não o identifico mais como um homem do Kremlin", avalia Paul.
A avaliação vale também para a política energética – área de especial interesse da UE. Os países do bloco já sofreram diversas vezes por causa de desentendimentos entre Ucrânia e Rússia, especialmente no último inverno. Na opinião de Amanda Paul, a política energética entre Rússia e Ucrânia não ficará mais fácil.
Longe da Otan
Já a questão que envolve alianças militares deve ser mais amena nesse governo. Viktor Yushchenko, o vencedor da Revolução Laranja, havia defendido a entrada da Ucrânia não apenas na União Europeia, mas também na Otan, no que recebeu forte apoio do então presidente norte-americano George Bush. Mas muitos países da Otan foram contra a filiação da Ucrânia ao bloco e, desde que Barack Obama assumiu o governo norte-americano, o assunto não voltou à tona.
"Já se sabe que Yanukovich nunca defendeu a entrada na Otan e essa posição deve continuar. Isso não deve gerar problemas porque o país também não está interessado na admissão. O que pode ser positivo: Yushchenko conduziu a admissão de uma maneira muito ofensiva, e agora o assunto é tratado de forma mais lenta, já que a Ucrânia deve de qualquer maneira continuar colaborando com a Otan, mas de forma mais pragmática", avalia Amanda Paul.
Aproximação com a União Europeia
A Ucrânia já trabalha em vários campos em cooperação com a União Europeia. O país está no alcance da chamada política de vizinhança da UE – sob responsabilidade da até então comissária europeia Benita Ferrero-Waldner. "A candidatura à UE não está em debate. Ao mesmo tempo, posso dizer que o futuro ainda é incerto. Mas, no momento, não há uma perspectiva clara de entrada", declara Ferrero-Waldner.
Mas quão aberto é o futuro sob a presidência de Viktor Yanukovich? A maioria dos ucranianos quer o país no bloco ou esse é o projeto apenas da pequena elite?
Para Amanda Paul, a população gostaria da integração na Europa Ocidental, assim como a entrada na União Europeia – e as pessoas gostariam de saber que a UE tem uma perspectiva de curto prazo de incluir a Ucrânia no bloco.
Paul, no entanto, não prevê prazos para essa aproximação se efetivar. "Teremos que aguardar para ver se isso vai acontecer, porque, para a maioria dos países da UE, a Rússia tem prioridade. Mas, se a Ucrânia implementar reformas e alcançar verdadeiramente uma estabilidade política e econômica, algum dia a UE vai se perguntar: Podemos ou não dar essa perspectiva agora à Ucrânia?"
Fato é que, se o presidente implantar as reformas com sucesso, há a possibilidade de essa pergunta ser feita mais cedo do que o pretendido por Yanukovich.
Autor: Christoph Hasselbach (np)
Revisão: Roselaine Wandscheer