Eleição na Ucrânia
8 de fevereiro de 2010Com a vitória nas eleições presidenciais na Ucrânia, o candidato pró-Rússia e líder da oposição Viktor Yanukovich deu um fim à Revolução Laranja. Yanukovich derrotou sua rival, Julia Timochenko, com apenas pouco menos de três pontos percentuais de vantagem e pediu que a oponente renuncie como primeira-ministra. Ela, entretanto, acusou o adversário de ter fraudado as eleições, mas enfrenta pressão para admitir a derrota.
Os observadores internacionais, incluindo a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), afirmaram que é a hora de os líderes do país "ouvirem o veredicto" depois do que classificaram como uma “eleição limpa. O coordenador da missão de observadores da OSCE, João Soares, afirmou que a votação tinha sido "um exemplo eloquente de um processo eleitoral democrático".
UE promete cooperar com novo presidente
A alta representante para Relações Exteriores da EU, Catherine Ashton, afirmou que o bloco está pronto para cooperar com Yanukovich. "A União Europeia permanece engajada em aprofundar o relacionamento com a Ucrânia e apoiar o país a implementar sua agenda de reformas. Estamos dispostos a cooperar com o novo presidente nesse sentido", declarou Ashton.
O resultado apertado mostra a ruptura profunda da Ucrânia. Não é de se esperar que esse país em crise encontre tão cedo um caminho para a tranquilidade. "Agora é hora de os líderes políticos ouvirem o veredicto do povo e assegurarem que a transição de poder seja pacífica e construtiva", disse Soares. "Para todos na Ucrânia, essa eleição foi uma vitória", acrescentou.
'Nova página da história"
Em um discurso de vitória proferido no domingo, Yanukovich afirmou que a eleição abriu uma "nova página" na história da Ucrânia, prometendo fazer tudo para que os ucranianos se sintam "à vontade e seguros".
"Acho que Julia Timochenko deve se preparar para a renúncia", afirmou Yanukovich, de 59 anos, para quem a vitória significa um retorno ao palco político do país. Nas eleições presidenciais de cinco anos atrás, seus partidários, apoiados pela Rússia, foram acusados de maciça fraude eleitoral. Na época, os ucranianos protestaram, conseguindo forçar uma nova votação, da qual o candidato pró-ocidente Viktor Yushchenko saiu como vencedor.
O atual presidente, dessa vez, não conseguiu passar para o segundo turno. Timochenko foi aliada de Yushchenko na "Revolução Laranja", mas hoje ambos estão brigados. O clima de otimismo no país há muito deu lugar à desilusão.
Contagem própria de votos
A política eloquente com o típico penteado de cabelo trançado em forma de coroa optou por adiar para terça-feira a coletiva prevista para logo após as eleições. Antes disso, ela mencionou uma contagem própria dos votos, na qual ela estaria à frente de Yanukovich.
Os poderes do primeiro-ministro e do presidente não são claramente delineados pela Constituição ucraniana. Yanukovich poderia agora requerer um voto de desconfiança contra Timochenko e formar uma nova coalizão ou convocar eleições parlamentares antecipadas. As novas eleições seriam realizadas em junho, na melhor das hipóteses. A instabilidade do país, devido a anos de lutas pelo poder, ainda prosseguiria.
A Ucrânia se encontra rachada entre o leste, que fala russo, reduto eleitoral de Yanukovich, e o oeste, mais nacionalista e cuja maioria da população fala ucraniano, região que apoia Timochenko.
MD/afp/rtrs
Revisão: Simone Lopes