Cúpula do clima
6 de dezembro de 2009O presidente norte-americano, Barack Obama, confirmou sua presença na fase conclusiva do encontro mundial do clima em Copenhague, no dia 18 de dezembro. O anúncio criou novas expectativas de que o encontro termine com um acordo vinculativo. O governo da Índia, outra nação importante, declarou que o primeiro-ministro do país, Manmohan Singh, também estará na fase conclusiva do evento.
Berlim alertou para o perigo de um fracasso da cúpula, marcada para começar nessa segunda-feira (7/12) e durar 12 dias. O ministro alemão do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, ressaltou que a reunião só será um sucesso se os 192 países participantes concordarem em permitir um aquecimento global de "no máximo" dois graus Celsius.
Röttgen saudou a decisão de Obama de participar da fase decisiva do encontro. "É um sinal claro de que Obama quer o sucesso da reunião e está, para isso, pondo seu nome em jogo, com todo o risco que isso envolve", avaliou. Ele chamou atenção para o risco que os EUA correm, caso não correspondam às expectativas como potência mundial. "Se os EUA não corresponderem em Copenhague às expectativas como liderança, podem perder sua posição de líder tecnológico no mundo", disse.
Sucesso da cúpula
Washington justificou a mudança nos planos de Obama com o anúncio de que há progressos no caminho para um tratado que "envolva todos os temas que têm sido tratados atualmente", disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.
O presidente americano havia dito, anteriormente, que só iria viajar a Copenhague no dia 9 de dezembro, quando quase nenhum chefe de governo e Estado deverá estar na cidade. Obama conversou ao telefone nos últimos dias com políticos europeus, como a premiê alemã Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy.
Obama disse estar confiante no sucesso da cúpula, devido, entre outras coisas, à posição de China e Índia, que recentemente mencionaram pela primeira vez metas concretas de redução da emissão de gases-estufa. Além disso, ele mencionou haver indícios de um consenso para fornecer anualmente cerca de 10 bilhões de dólares, a partir de 2012, como ajuda a nações em desenvolvimento para reduzirem suas emissões.
Mérito de Merkel
O especialista em clima do Greenpeace, Martin Kaiser, elogiou o engajamento da chanceler federal alemã. Ele atribui à chefe de Estado alemã parte do mérito pela mudança de planos de Obama. "O engajamento pessoal da chanceler federal em relação a Obama valeu a pena", comemorou.
Agora, os mandatários dos países com as maiores emissões de dióxido de carbono confirmaram, todos, presença. EUA e China, os maiores poluidores, estão, entretanto, dispostos a assumir cotas de redução pequenas, em comparação com os Estados europeus. Pequim se recusa a assinar um documento com metas ambientais juridicamente vinculativas, mas, assim como a Índia, anunciou a intenção de diminuir suas emissões proporcionalmente ao desempenho econômico.
Substituto de Kyoto
É improvável, segundo especialistas, que um novo tratado consiga impedir o aquecimento global. Mesmo com as metas ambientais atuais assumidas por alguns países, o mundo deve se aquecer em cerca de 3,5 graus até o fim do século, o que traria consequências catastróficas.
A cúpula de Copenhague tentará chegar a acordos para produzir um documento que substitua o Protocolo de Kyoto, firmado em dezembro de 1997 na cidade japonesa homônima, após anos de negociações.
O acordo entrou em vigor apenas em fevereiro de 2005. Ele estipula que os Estados industrializados diminuam suas emissões de gases-estufa em 5%, até 2012, em relação aos níveis de 1990. No final de 2007, foi aprovado em Bali um mandato para novas negociações. Originalmente, tais negociações estavam previstas para ser concluídas até o fim deste ano, na forma de um novo tratado.
MD/dpa/afp/ap
Revisão: Carlos Albuquerque