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Novo pacote grego

30 de junho de 2011

Contenção de gastos, aumento de impostos e privatizações não bastam para ajudar a Grécia: é necessário um plano que aqueça as economias mais fracas da zona do euro, diz Spiros Moskovou, chefe da redação grega da DW.

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O dia da aprovação do amplo pacote de austeridade para os anos de 2012 a 2015 pelo Parlamento grego foi várias vezes estilizado como um dia fatídico para a Grécia e a zona do euro, se não para toda a economia mundial.

Diversos cenários de horror, associados a uma possível falência da Grécia, estavam previstos já para meados de julho. Os cenários mais fantasiosos previam até mesmo uma nova crise financeira, semelhante à primeira, iniciada em setembro de 2008 com a quebra do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos.

O Parlamento grego conseguiu aprovar, com uma pequena margem de votos, a legislação que viabiliza o amplo programa de austeridade. O pacote inclui contenção de gastos e aumentos de impostos no valor de 28 bilhões de euros para os próximos anos. Além dele, está previsto um ambicioso programa de privatizações, que deve render aos cofres públicos 50 bilhões de euros.

Então a Grécia está salva e a derrocada da zona do euro foi evitada? De forma alguma. A Grécia ganhou apenas uma pausa para respirar e garantiu a tão necessária próxima parcela da ajuda aprovada pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

A implementação do programa de contenção de despesas está sendo rigorosamente observada por quem está fornecendo o dinheiro. A chamada troika, formada por representantes da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do FMI, já encontrou discrepâncias significativas na implementação do primeiro programa de austeridade grego.

As autoridades públicas da Grécia não estão preparadas o suficiente para aplicar as medidas previstas e estão sendo confrontadas com o crescente descontentamento da população. Até o governo admitiu oficialmente que as medidas de economia muitas vezes são injustas, mas indispensáveis.

Embora honesta, a admissão não ajuda a aumentar a aceitação das novas medidas. A Grécia necessita urgentemente de um sistema confiável para a coleta de impostos e de uma comissão independente para o programa de privatizações. E a Grécia precisa de um mínimo de consenso político, talvez mesmo a muitas vezes prometida, mas ainda não realizada refundação do Estado. Nada menos do que isso está sendo exigido pela União Europeia e pela zona do euro.

Ao fim, parece prevalecer a percepção de que planos de austeridade não são uma solução de longo prazo nem para a Grécia nem para toda a região sul da zona do euro. Reiteradamente é evocado um pequeno plano Marshall para Atenas, um plano que na melhor das hipóteses aqueça todas as economias enfraquecidas do sul da UE e que garanta produtividade duradoura.

Só assim pode ser eliminado o defeito de nascença da zona do euro, ou seja, a aglomeração dos mais diferentes regimes políticos e econômicos sob uma moeda comum. Como principal beneficiada da era do euro, a Alemanha precisa finalmente assumir seu papel de liderança nessa questão. Para questões dessa amplitude não se pode esperar nenhuma solução de Atenas, Lisboa ou Dublin.

Autor: Spiros Moskovou
Revisão: Alexandre Schossler