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Oriente Médio

17 de janeiro de 2009

Postura de políticos alemães em defesa de Israel no atual conflito em Gaza não favorece ninguém, nem mesmo os próprios israelenses, opina Peter Philipp, articulista da Deutsche Welle.

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Protestos críticos a Israel por causa de novos conflitos armados no Oriente Médio já ocorreram também em cidades alemãs no passado. Via de regra, no entanto, a participação da população em manifestações de solidariedade a Israel foi sempre mais intensa. A atual guerra na Faixa de Gaza inverteu esse quadro. Milhares de pessoas protestam contra a conduta israelense, apenas centenas mantêm-se firmes do lado de Israel. Comparadas com a população total do país, ambos os grupos representam somente uma pequena minoria. O que não significa, contudo, que a maioria das pessoas pense apenas na crise econômica, no lazer e nas próximas férias: a guerra em Gaza deixou vestígios profundos na sociedade alemã e a imagem de Israel sofreu danos irreparáveis.

Não demorou muito para aparecerem os autoproclamados defensores de Israel, que "sempre souberam de tudo", que sempre souberam que a cordialidade dos alemães frente a Israel nas últimas décadas sempre foi uma máscara, que deveria ocultar, através da consciência pesada pelo passado, um suposto antissemtitismo latente ainda presente. É óbvio que ainda há antissemitas na Alemanha e isso é péssimo. E, entre eles, caracterizar o ódio doentio como "crítica legítima a Israel" já virou há muito moda. Entretanto, a maioria daqueles que vão agora às ruas demonstrar indignação contra a violência descabida e possíveis crimes de guerra em Gaza protestava antes contra o antissemitismo e contra a xenofobia. Eles são o cerne bom e sólido da sociedade, que não tem mais nada a ver com a Alemanha de 75 anos atrás. Mesmo que a maioria seja jovem demais para ter passado por experiências próprias em relação ao assunto, eles rejeitam a guerra e a violência. Seja no Iraque, no Afeganistão, no Líbano ou agora também na Faixa de Gaza. Eles sabem que não há uma "guerra justa" e que guerras não trazem solução, mas, pelo contrário, só causam mais guerra na maioria das vezes. Tanto Israel quanto o atual governo norte-americano nunca aceitaram isso, embora ambos tenham também sempre percebido o quão pertinente é essa constatação.

Assim, do "nunca mais" após a Segunda Guerra, surgiu um "de novo sempre" no Oriente Médio, mesmo que, por sorte, em dimensões completamente distintas. Num contexto em que o conflito, sempre intumescente e às vezes explosivo como um vulcão, geralmente ocultava e encobria as verdadeiras questões. Pouco depois da Guerra dos Seis Dias, um jovem jornalista alemão foi advertido em Jerusalém para, em seu trabalho, não esquecer Auschwitz . E assim, não apenas hoje (e também não só aqui), muitos jornalistas são impedidos de ver a realidade in loco com seus próprios olhos.

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Peter Philipp

Apesar disso, foi exatamente esse tipo de reportagem que veio fortalecer naturalmente a indignação da população. Mesmo que se veja e se perceba apenas parte de tudo, isso é mais que suficiente. A paciência, a tolerância e a simpatia vão se deteriorando cada vez mais. Porém, só o clima entre a população não basta. Mesmo porque este é, na maioria das vezes, mais determinado por sensações do que por fatos. Unir as duas coisas e transformá-las em propostas de soluções é tarefa dos políticos. Também na Alemanha. Ainda no início da guerra em Gaza, a maior parte dos políticos deixaram dominar a costumeira political correctness e se posicionaram do lado de Israel. Com isso, não fizeram a ninguém um favor, nem mesmo a Israel. (sv)

Peter Philipp é articulista da Deutsche Welle especializado em Oriente Médio. Foi durante 23 anos correspondente em Jerusalém.