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Opinião: Nariz de palhaço contra o terror

7 de fevereiro de 2016

Apesar da tensão na sociedade e dos planos de atentados por argelinos em Berlim, o país não abre mão de seu Carnaval. Um sinal de normalidade saudável – e de admirável força, opina o jornalista Christoph Strack.

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Christoph Strack é jornalista da DWFoto: DW

Na Alexanderplatz, no Checkpoint Charlie... onde mais em Berlim?

A prisão de alguns argelinos suspeitos de terrorismo, na quinta-feira (04/02) precipitou algo peculiar: uma espécie de gincana midiática sobre qual seria o local escolhido para o atentado planejado. Para os espectadores e usuários ficou a impressão de que, mais uma vez, a capital alemã tivera sorte.

Hoje, porém, apenas quatro dias mais tarde, esse inegavelmente importante sucesso das forças de segurança merece destaque mínimo nos jornais dominicais. Ou nenhum.

Isso não é um mau sinal. Muita gente na Alemanha sabe que também seu país está sob a ameaça de ataques terroristas. E que ele tem tido sorte: em Bonn e Colônia, por exemplo, nos últimos anos houve algumas tentativas de atentado fracassadas.

Ainda assim, não predomina a histeria. Mesmo que as recentes capturas indiquem que o principal suspeito veio para a Alemanha com a esposa sob a falsa alegação de ser um refugiado da cidade síria de Aleppo. Tudo indica que ele tinha ligações bem diretas com o grupo jihadista "Estado Islâmico" (EI), e possivelmente até com um dos criminosos do 13 de Novembro, em Paris.

De fato, tudo isso dá margem a apreensão.

No entanto: as prisões voltam a comprovar a atenção das autoridades e a eficácia da cooperação internacional. As atividades dos argelinos estavam apenas em "estágio inicial", declaram os investigadores, emitindo, assim, um sinal contra o alarmismo.

Sim, os órgãos de segurança federais e estaduais precisam fazer seu serviço. Mas eles também estão agindo. Por isso é bom que agora a Polícia Federal disponha de uma nova unidade antiterrorismo – planejada há quase um ano e que entrou em função há algumas semanas.

Por outro lado, na sociedade se percebe um misto de estado de alerta e normalidade. Existe uma certa tensão: as pesquisas de opinião acusam preocupação entre os cidadãos. E muitos já contam que certos eventos públicos venham ser restringidos ou cancelados – se não houver outro modo de garantir a segurança.

Em 2015, as autoridades de Braunschweig, na Baixa Saxônia, cancelaram na última hora o desfile de Carnaval do domingo, devido ao temor de um ataque terrorista. Um ano depois, a horda de foliões toma conta da cidade neste domingo, sob o slogan: "Agora mais do que nunca". Ótimo.

O Carnaval é tudo, menos dever de patriótico, e nunca deverá se tornar um. Da mesma forma que assistir aos jogos da Bundesliga, como o fazem centenas de milhares de torcedores, a cada fim de semana. E no entanto fica a constatação: quando, nesta Segunda-Feira de Carnaval, milhares forem prestigiar o ponto alto da festa de rua em Colônia, Düsseldorf e Mainz, isso é uma demonstração de agradável normalidade – e de admirável força.

Christoph Strack Repórter, escritor e correspondente sênior para assuntos religiosos@Strack_C