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Opinião: União Europeia deve considerar sanções a Yanukovytch

Bernd Johann (lvw)13 de dezembro de 2013

Só com diplomacia ninguém vai convencer o presidente da Ucrânia a renunciar à violência contra os manifestante, opina o chefe da redação ucraniana da DW, Bernd Johann.

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Finalmente a pressão internacional contra a liderança ucraniana está aumentado. A Europa deveria seguir o exemplo dos Estados Unidos e colocar em discussão possíveis sanções ao presidente Viktor Yanukovytch e seus aliados, evitando assim mais violência. Já passou da hora para isso. Há muito tempo que Yanukovytch ilude o povo ucraniano e a União Europeia. Manifestantes pacíficos foram várias vezes vítimas de operações policiais brutais.

Por ora, as sanções deveriam ser apenas uma opção, mas é necessário que elas sejam consideradas. Elas podem afetar diretamente Yanukovytch e seus aliados. Eles têm interesses financeiros e econômicos na Europa e nos Estados Unidos e gostam de viajar para esses lugares. É preciso que fique claro para essas pessoas que, se manifestantes pacíficos forem mais uma vez feridos, penalidades serão inevitáveis.

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Bernd Johann é chefe da redação ucranianaFoto: DW/P. Henriksen

Entre elas estão a proibição de altos funcionários do governo ucraniano viajarem para a Europa e os EUA – caso eles estejam envolvidos na repressão aos protestos. Também é necessário garantir que os ativos deles no exterior possam ser congelados.

Foi um provocação o que ocorreu na noite desta quarta-feira (11/12), quando unidades especiais do Ministério ucraniano do Interior tentaram invadir a Praça da Independência no momento em que acontecia uma mediação com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e a secretária de Estado adjunta dos EUA, Victoria Nuland. Pouco depois, as mesmas forças também tentaram retirar os manifestantes que ocupavam o prédio da câmara municipal.

Os que estão no poder na Ucrânia ignoram de forma cínica e arrogante o que está acontecendo ao redor deles. Há semanas que centenas de milhares de pessoas protestam contra as autoridades. Elas se manifestam em prol de uma perspectiva europeia para a Ucrânia. Eles querem uma mudança nas relações de poder no país. Nos últimos anos, a oposição foi reiteradamente pressionada contra a parede, e o destino de Yulia Tymoshenko é o exemplo mais proeminente. Agora, até mesmo uma suposta tentativa de golpe por parte da oposição está sendo investigada.

Devido às operações policiais nas últimas semanas, dezenas de pessoas ainda estão hospitalizadas. Elas estavam defendendo o direito de expressão e a liberdade de reunião. No entanto, após receberem alta, devem temer a prisão, pois são acusadas criminalmente. E isso a Europa não pode tolerar.

Por isso é preciso que se discutam retaliações. A ameaça de sanções é uma linguagem que Yanukovytch compreende – esforços diplomáticos, por si só, não o impressionam. Nas últimas semanas, ele descaradamente testou o quão longe pode ir. Se americanos e europeus o ameaçarem com sanções, ficaria claro com quais consequências ele precisaria lidar.

É mais do que compreensível que a oposição tenha reajido de forma extremamente cética quando Yanukovytch propôsum diálogo – já que suas explicações são formuladas de maneira vaga. É bem possível que ele continue tentando ganhar tempo. Tempo que ele precisa para mobilizar seus adeptos num ato contra os protestos em Kiev. Tempo que ele provavelmente está usando para ter uma oportunidade de dissolver os protestos na Praça da Independência.

Por isso a Europa também deve reagir com ceticismo se os líderes ucranianos voltarem a falar em assinar um acordo de associação com a União Europeia. O próprio Yanukovytch deixou que o acordo se rompesse há três semanas, desencadeando a onda de protestos. Nas próximas semanas, deve haver novas negociações com Moscou sobre uma maior aproximação da Ucrânia com a Rússia. O presidente claramente continua tentando colocar Moscou contra a União Europeia e vice-versa.

A crise na Ucrânia só pode ser resolvida politicamente. No entanto, não se nota que Yanukovytch esteja de fato disposto a fazer concessões aos manifestantes. Por isso, não se pode excluir que haverá mais violência policial contra protestos pacíficos. A ameaça de sanções é capaz de deter Yanukovytch. A diplomacia por si só não é suficiente.