Edmundo González deixa a Venezuela e pede asilo à Espanha
8 de setembro de 2024Edmundo González Urrutia, candidato que enfrentou o presidente Nicolás Maduro na contestada eleição de 28 de julho, pediu asilo à Espanha e deixou a Venezuela na noite de sábado (07/09). Ele chegou a Madri na tarde deste domingo.
González viajou acompanhado de sua esposa e do secretário espanhol das Relações Exteriores, Diego Martínez Belío, e foi recebido pela secretária de Estado para a América Latina e Espanha no Mundo, Susana Sumelzo.
"A partir de agora, serão iniciados os procedimentos para o pedido de asilo, cuja resolução será favorável, tendo em vista o compromisso da Espanha com os direitos políticos e a integridade física de todos os venezuelanos e venezuelanas, especialmente dos líderes políticos”, informou o órgão.
González já estava refugiado na embaixada espanhola em Caracas há alguns dias, após o Ministério Público da Venezuela pedir a sua prisão por "incitação à desobediência" e "conspiração".
A oposição denuncia que houve fraude na eleição - o que foi corroborado por entidades internacionais - e forças do regime chavista têm reprimido com violência as manifestações que questionam a autoproclamada vitória de Maduro para um terceiro mandato, com 52% dos votos.
A Justiça venezuelana investiga González pela publicação de atas eleitorais, obtidas em locais de votação, em uma página na internet. Segundo os documentos extraoficiais, o candidato teria obtido 60% dos votos.
O governo afirma que se trata de um material fraudulento, mas até o momento não apresentou provas da vitória de Maduro. O Conselho Nacional Eleitoral tem sido pressionado pela oposição e pela comunidade internacional para tornar públicos os registros detalhados de votação, o que ainda não aconteceu.
Estados Unidos, União Europeia e vários países da América Latina estão entre os que têm contestado o resultado proclamado e pedido uma verificação dos votos.
Desde as eleições, a Venezuela mergulhou em uma situação de violência e repressão. Até o momento, 27 manifestantes foram assassinados, 192 feridos e 2.400 presos, entre eles menores de idade.
Embaixada argentina sob custódia do Brasil
A saída de González aconteceu um dia depois de a oposição denunciar que a embaixada da Argentina em Caracas está sob cerco do regime de Maduro. A missão diplomática sob comando do governo de Javier Milei foi expulsa do país, e coube ao Brasil a custódia do lugar, onde permanecem refugiados seis colaboradores da oposição, incluindo María Corina Machado, expoente da oposição.
Caracas anunciou a revogação da autorização dada ao Brasil para representar a Argentina, o que foi contestado pelo governo brasileiro. O Ministério das Relações Exteriores informou que o país continuará representando os interesses da Argentina na Venezuela, uma vez que "não pode haver revogação unilateral da custódia”.
O Itamaraty afirmou que "seguirá representando os interesses da Argentina na Venezuela até que seja designado um substituto".
sf (AFP, ots)