Otimismo e protestos nas cúpulas da Otan e UE
22 de fevereiro de 2005Dois anos após as acirradas disputas em torno da guerra no Iraque, o encontro de cúpula desta terça-feira (22/05), em Bruxelas, revelou novo espírito de união dentro da Organização do Tratado do Atlântico Norte. O presidente norte-americano, George W. Bush, a louvou como "a aliança mais bem sucedida da história mundial". À Otan a Europa deveria o fato de ser atualmente "um porto de paz", afirmou o político republicano.
Bush afirmou desejar, no futuro, um diálogo político mais intenso entre seu país e a Europa. O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, interpretou este comentário como uma confirmação de sua controvertida proposta de reforma da aliança. Após a cúpula em Bruxelas, Schröder, defendeu mais uma vez a idéia: "Não há motivo para abandonar o debate". Quanto às reações dos demais chefes de governo, admitiu não haver um grande grau de concordância, sendo portanto ainda necessário "discutir sobre a forma".
Reformando a Otan
No início de fevereiro, Schröder suscitara polêmica, ao afirmar que a Otan não mais cumpria o papel de plataforma para o diálogo político sobre as relações transatlânticas. Muito controvertida dentro da aliança – e em especial pelos Estados Unidos – foi sua proposta de que se formasse um grêmio de especialistas, encarregado de uma reforma estrutural.
Em face de tal ceticismo, o premiê assegurou que sua proposta visa em especial o fortalecimento da Otan, assim como estabelecer uma linha conjunta de conduta nas operações pela paz. Schröder sublinhou ainda a importância da organização para a Alemanha, por constituir um entre vários fóruns onde se desenrolam as relações entre Berlim e Washington.
O premiê tirou um balanço positivo do encontro da Otan. Segundo ele, realizaram-se "avanços importantes", e "um bom espírito" caracterizou as várias horas de debates sobre temas que incluíram o Afeganistão e o Oriente Médio. Assim como o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, o chefe do governo alemão é a favor de um maior intercâmbio político dentro da aliança transatlântica.
Pouco antes da reunião extraordinária da União Européia com o presidente Bush, Schröder lembrou que o bloco europeu representa um papel central nas relações transatlânticas. Também na UE é necessário discutir-se sobre as regiões de crise como o Iraque, o Irã e o Oriente Médio, declarou o chanceler alemão.
Novo tom, mesmo curso militar?
A polícia belga reagiu com gás lacrimogêneo a centenas de manifestantes que protestavam contra a presença de Bush na capital Bruxelas. Antes, estes haviam empregado coquetéis molotov e fogos de artifício contra os agentes de segurança. Com veículos blindados, os policiais expulsaram os manifestantes da frente do prédio do Conselho da UE, onde Bush se encontra com os chefes europeus de Estado e governo. Pelo menos uma policial ficou ferida.
Na Alemanha, onde Bush é esperado na quarta-feira (23/02), já começaram protestos em 35 cidades, reunindo, em cada uma delas, entre 200 e 300 pessoas. Um porta-voz da rede Friedenskooperative advertiu: "O novo tom em relação à Europa não alterará o curso político e militar da superpotência EUA."