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Para mídia europeia, 1° turno marca volta à luta entre grandes partidos

Marcio Damasceno6 de outubro de 2014

Publicações destacam surpreendente queda de Marina Silva e apontam para um retorno ao "velho duelo" entre tradicionais representantes da política brasileira e o fracasso da chamada terceira via.

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Foto: picture-alliance/dpa

Os jornais europeus destacaram nesta segunda-feira (06/10) a surpresa pelo fracasso da candidata Marina Silva (PSB) em chegar ao segundo turno nas eleições presidenciais brasileiras.

Segundo o diário alemão Süddeutsche Zeitung, o resultado leva as presidenciais ao "velho duelo" entre partidos "de certo modo, de esquerda e, de certo modo, de direita". A publicação afirma que a antes favorita Marina perdeu o fôlego na reta final por ter "se enrolado em contradições". "Com isso, em três semanas, a decisão será entre manutenção ou mudança do poder entre o PT de [Dilma] Rousseff e a formação de [Aécio] Neves, que atende pelo título enganoso de social-democrata", avalia o texto, escrito pelo correspondente da publicação na América Latina.

A página online do semanário Der Spiegel afirma que "há apenas uma semana, as pesquisas previram" que o provável segundo turno "seria um duelo entre duas mulheres". Para a publicação, a campanha de Marina patinou por não ser sustentada por "um partido robusto" e não ter "alianças nem estruturas de poder confiáveis nos estados".

Eleitores de protesto

Outro motivo citado pelo correspondente da revista alemã no Rio de Janeiro é que a "candidata caiu várias vezes em contradições". O texto destaca, entretanto, que não é "certo que os apoiadores de Silva seguirão a recomendação de voto" da ex-senadora por serem, muitos deles, "eleitores de protesto", desiludidos com os partidos tradicionais, conforme a Der Spiegel.

O francês Le Monde frisa que, após o resultado das urnas do primeiro turno, Aécio enfrenta "o desafio de tentar atrair os votos recebidos por Marina Silva, para a qual a eleição no domingo significou um verdadeiro revés. Ela, que por muito tempo parecia ser a mais perigosa rival para Dilma, não conseguiu mais que 21% dos votos".

Fracasso da terceira via

Para o britânico The Guardian, "a batalha esquerda-direita entre os dois maiores partidos do país é uma decepção para aqueles que esperavam por uma mudança representada pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva". O jornal classifica o resultado "tradicional" do primeiro turno como uma "surpresa relativamente suave" numa campanha cheia de acontecimentos e "um ano após os grandes protestos de rua revelarem os altos níveis de frustração com a administração do país".

Para o diário português Público, o primeiro turno marca o fracasso da chamada "terceira via" na política brasileira e o retorno à "tradicional polarização entre o Partido dos Trabalhadores (PT) de Dilma Rousseff e o PSDB de Aécio Neves – que se confrontam pela sexta vez consecutiva em 20 anos". Para o jornal, o segundo turno será "um combate duro".

O espanhol El País também opina que "a grande derrotada desta primeira rodada é Marina Silva", segundo o jornal, a ex-senadora "flertava com a vitória há algumas semanas, de acordo com as pesquisas, mas terminou despencando numa queda inusitada". Para o diário, "neste primeiro turno, os brasileiros decidiram, sobretudo, quem é o primeiro perdedor".