Para presidente da Ucrânia, pior da crise já passou
25 de setembro de 2014O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, mostrou-se confiante nesta quinta-feira (25/09) de que os conflitos no leste do país entre as tropas de Kiev e os rebeldes separatistas estão regredindo e que o acordo de paz firmado com os insurgentes pró-Rússia há três semanas deverá levar o país à paz e à estabilidade.
"Não tenho dúvidas de que meu plano de paz vai funcionar e que a maior e mais perigosa parte desta guerra ficou para trás, graças ao heroísmo dos soldados ucranianos", afirmou Poroshenko na primeira entrevista coletiva desde que assumiu o cargo. Ele tomou posse em junho, em meio à maior crise da ex-república soviética desde sua independência.
Poroshenko disse que agora o acordo de cessar-fogo assinado em 5 de setembro está sendo respeitado na maior parte da região em crise, após ter sido repetidamente violado. Nas últimas 24 horas, pela primeira vez, nenhum civil ou militar foi morto na linha da frente, segundo o Exército.
Na semana passada, o Parlamento em Kiev aprovou um plano apresentado por Poroshenko que atribuiu um "estatuto especial" às regiões separatistas, prevendo mais autonomia e a realização de eleições municipais no próximo dia 7 de dezembro, além de anistia aos combatentes rebeldes. As medidas têm como objetivo restabelecer a ordem nessas regiões.
Alguns grupos separatistas, porém, rejeitaram a oferta e anunciaram que vão promover as próprias eleições parlamentares no dia 2 de novembro. Poroshenko disse esperar que nem a comunidade internacional nem o governo russo reconheçam a legitimidade do pleito dos rebeldes.
Encontro com Putin
Poroshenko afirmou ainda estar tentando marcar um encontro nas próximas semanas com o presidente russo, Vladimir Putin, e disse acreditar que houve uma "transformação" das intenções da Rússia com relação à Ucrânia.
Segundo o presidente ucraniano, os russos tinham a clara intenção de dividir a Ucrânia. "Mas agora a relação com a Rússia e os planos da Rússia estão mudando", afirmou. Países ocidentais e a Ucrânia acusam Moscou de enviar tropas e equipamentos para o leste ucraniano em apoio aos separatistas rebeldes na região, o que sempre foi negado pelo Kremlin.
De olho na UE
Ainda na entrevista coletiva, o líder ucraniano anunciou propostas com o objetivo de concretizar a entrada de seu país na União Europeia em seis anos – projeto batizado de "Estratégia 2020". Segundo ele, o plano consiste em 60 reformas sociais e econômicas, que "deverão preparar a Ucrânia para se tornar membro da UE".
No início deste mês, Kiev e Bruxelas ratificaram um Acordo de Associação, que fora rechaçado pelo ex-presidente Victor Yanukovytch, aliado da Rússia, motivando o início dos protestos na Ucrânia no fim do ano passado.
"As portas da UE estão abertas para a Ucrânia, estou absolutamente convencido", disse Poroshenko.
O presidente também pediu mais ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos países ocidentais para tentar estabilizar a moeda ucraniana. A grívnia perdeu 40% do seu valor em relação ao dólar desde o início do ano, em decorrência da instabilidade política vivida no primeiro semestre e a intensificação dos combates armados.
Em cinco meses, o conflito no leste ucraniano deixou mais de 3,2 mil mortos e cerca de 650 mil desabrigados.
MSB/ap/afp/rtr/dpa/lusa