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Parlamento dá luz verde à nova Comissão Europeia

27 de novembro de 2019

Eurodeputados aprovam composição do próximo Executivo da UE, sob a presidência da alemã Ursula von der Leyen. Nova líder promete um "novo começo para a Europa", incluindo ações contra mudanças climáticas.

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Ursula von der Leyen
Futura presidente da Comissão Europeia Ursula no Parlamento Europeu em EstrasburgoFoto: Reuters/V. Kessler

O Parlamento Europeu deu luz verde nesta quarta-feira (27/11), por ampla maioria, a nova Comissão Europeia, abrindo caminho para que a ex-ministra alemã da Defesa Ursula Von der Leyen comece, ao lado de sua equipe, os trabalhos como chefe do Executivo da União Europeia (UE) no próximo fim de semana.

A composição da próxima Comissão foi aprovada por 461 votos a favor e 157 contra, com 89 abstenções. Escolhida em julho para assumir o cargo, Von der Leyen enfrentou obstáculos nas últimas semanas para conseguir finalizar a equipe que deverá compor a nova Comissão para um mandato de cinco anos.

O processo foi adiado em um mês após três dos nomes indicados para o gabinete serem rejeitados. A nova Comissão deverá tomar posse no dia 1º de dezembro, juntamente com o ex-primeiro-ministro da Bélgica Charles Michel, que assume a presidência do Conselho Europeu, substituindo o polonês Donald Tusk.

A Comissão Europeia propõe as leis para todas as questões da UE, incluindo orçamento e energia, além de negociar acordos comerciais em nome dos 500 milhões de cidadãos do bloco. O órgão também é responsável por monitorar a livre concorrência, aprovar a fusão de empresas e decidir as regras e limites da atuação de grandes corporações no território do bloco.

Aos 61 anos, Von der Leyen será a primeira mulher a presidir o Executivo da UE, sucedendo ao luxemburguês Jean-Claude Juncker, e enfrentará desafios que incluem a reforma econômica do bloco, a imigração e as mudanças climáticas. A aliada da chanceler federal alemã, Angela Merkel, terá a tarefa de construir o consenso entre os Estados-membros quanto ao orçamento do bloco até 2021, por exemplo.

A nova equipe da Comissão, de 27 membros, inclui 13 mulheres, sendo esta a composição que mais se aproximou da paridade de gêneros no Executivo da UE. Von der Leyen assegurou que "cada comissário terá um gabinete com equilíbrio de gênero" e disse que isso vai "mudar a cara da Comissão".

Nesta quarta-feira, pouco antes da votação, Von der Leyen prometeu em discurso ao Parlamento em Estrasburgo "um novo começo para a Europa". Entre outras medidas, ela se comprometeu a combater as mudanças climáticas com a criação de um "Acordo Verde Europeu" e expandir o crescimento econômico do bloco.

"Não temos sequer um momento a perder na luta contra as mudanças climáticas", afirmou em um discurso proferido em inglês, francês e alemão, alertando que, para tal serão necessários "investimentos substanciais".

Ela disse ainda que novos acordos comerciais com a UE devem incluir cláusulas de proteção ao meio ambiente. Além disso, o Banco Europeu de Investimentos deverá se tornar a instituição que viabilizará a transição climática no continente.

Von der Leyen destacou que as iniciativas ambientais dentro do bloco devem ser inclusivas, num aparente gesto a países como a Polônia, que ainda se baseiam nas energias provenientes do carvão para a geração de empregos e crescimento.

A nova chefe do Executivo da UE pediu maior flexibilidade nas regras da UE para ajudar o crescimento econômico e prometeu manter a pressão para assegurar a manutenção dos padrões democráticos. Além disso, prometeu manter as portas abertas à adesão dos países do Leste Europeu e disse que o Brexit – a saída do Reino Unido do bloco das 28 nações – deve servir de lição para o futuro.

De ministra na Alemanha a líder da UE

Ursula von der Leyen nasceu em 1958 num subúrbio de Bruxelas e, pouco mais de 60 anos depois, seu percurso político a leva de volta à capital belga. 

Formada em medicina e mãe de sete filhos, ela entrou na política nacional alemã em 2005, quando foi eleita para o conselho da União Democrata Cristã (CDU) e nomeada ministra da Família no primeiro governo de Merkel.

Em 2009, na segunda legislatura da chanceler federal, Von der Leyen assumiu a pasta do Trabalho e Assuntos Sociais. Quatro anos depois, em dezembro de 2013, tornou-se titular do Ministério da Defesa, cargo que manteve após as eleições federais de 2017. Ela foi a primeira mulher no posto desde a criação da pasta, nos anos 1950.

A carreira política de Von der Leyen transcorreu em grande parte de forma impecável. Manteve-se leal a Merkel, a quem sempre ofereceu seu apoio, seja no gabinete ou dentro do partido. Alguns a viam como sucessora natural da chanceler federal.

Como ministra da Defesa, Von der Leyen encarou prontamente diversos problemas na Bundeswehr (Forças Armadas alemãs): as tropas sofriam e sofrem com equipamentos obsoletos e defeituosos, projetos armamentícios mal planejados e uma séria escassez de especialistas. Ela exerceu forte pressão – inclusive midiática – pelo aumento do orçamento da Defesa e fez com que a Bundeswehr voltasse a crescer pela primeira vez desde a reunificação da Alemanha.

Von der Leyen fez com que as políticas de Defesa fossem reconhecidas como um elemento da política externa alemã. Isso se deve também à participação da Alemanha no combate internacional contra a organização extremista "Estado Islâmico" (EI), no qual a Bundeswehr esteve envolvida em diversas áreas.

Nos últimos anos, porém, a reputação de Von der Leyen sofreu arranhões – em parte por decisões pessoais, mas também devido a escândalos. Além disso, sob sua gestão importantes projetos de armamentos foram adiados.

A alemã foi indicada em julho para a Comissão Europeia pelos membros do Conselho Europeu, que reúne os chefes de governo de todos os países do bloco. No mesmo mês, o Parlamento Europeu aprovou sua indicação por margem apertada, por 383 votos a 327.

RC/rtr/ap

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