Força feminina
1 de março de 2010A história de Petra Majdic nos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver dá a dimensão do que representou a competição, encerrada neste domingo (28/02). Depois de cair durante o treino e quebrar quatro costelas, a esquiadora eslovena de cross-country enfrentou a dor e participou da competição – e apesar da sua condição física, conquistou o bronze.
A noção de que os atletas se sacrificam pelos Jogos já ficara tragicamente provada antes mesmo de a competição em Vancouver começar – com o caso da morte de Nodar Kumaritashvili, corredor de luge da Geórgia.
Medalhas com toque feminino
A presença feminina foi grande no quadro de vencedores, com 19 das 30 medalhas da Alemanha conquistadas por mulheres. Dentre as estrelas que brilharam em Vancouver, está a biatleta Magdalena Neuner, de 23 anos, dois ouros e uma prata; e Maria Riesch, corredora de esqui alpino, de 25 anos – nomes já conhecidos. Há também os jovens talentos que surpreenderam e também conseguiram pódio no Canadá, como Stephanie Beckert, de 21 anos, atleta de patinação de velocidade, e Viktoria Rebensburg, esquiadora.
Aliás, foram justamente os esquiadores alpinos, tão criticados nos últimos anos, a render a maior parte das medalhas para o time alemão. Isso, graças ao trabalho de Riesch – dois ouros na supercombinada e na prova de slalon – e aos feitos inesperados de Rebensburg, com ouro no slalom gigante.
Para Maria Riesch, que não participou dos jogos de 2006 em Turim devido a uma lesão, as Olimpíadas no Canadá foram a realização de um sonho. "Consegui algo que apenas duas alemãs conseguiram no esqui alpino. Poder me juntar a Katja Seizinger e Rosi Mittermaier é uma grande honra para mim", declarou.
Por outro lado, o desempenho dos homens nessas provas foi decepcionante. Felix Neureuther conseguiu apenas a oitava colocação no slalom gigante. E os competidores do biatlo estão entre os perdedores alemães da competição.
Os Jogos de Vancouver marcaram também o encerramento da carreira do corredor de bobsled alemão Andre Lange. Prata no quarteto ao lado de Alexander Rödiger, Kevin Kuske e Martin Putze, Lange ficou com ouro na prova em dupla com Kuske.
Momentos inesquecíveis
Outra imagem que ficou na memória desses jogos de inverno é a de Anna Friesinger-Postma. A patinadora de velocidade escorregou, caiu e, ainda assim, conseguiu fazer o tempo necessário para classificar o time feminino para a final. E a Alemanha conseguiu o ouro em cima do Japão, com a diferença de apenas dois centésimos de segundo.
Os resultados no cross-country também surpreenderam com cinco medalhas no total. Enquanto Axel Teichmann conquistou a prata nos 50 km com uma acelerada final fulminante, as mulheres foram sensação absoluta. Evi Sachenbacher-Stehle e Claudia Nystad ficaram com o ouro na prova por equipe.
Digno de nota foi o mau desempenho de atletas alemães nas categorias "da moda", como snowboard e esqui estilo livre, nas quais não conquistaram uma só das 60 medalhas disponíveis. Mas até os jogos de 2018, que tem as cidades de Munique e Garmisch-Partenkirchen como candidatas a sede, a Alemanha deve ter atletas mais competitivos.
Investimento pesado
Foram justamente as modalidades mais em voga que ajudaram o Canadá a conseguir o primeiro lugar no quadro de medalhas, com seis ouros em categorias instituídas em 1992.
A marcha triunfal do Canadá suscita uma pergunta: teria o país-sede "comprado" essa vitória? Além dos 82 milhões de euros investidos, desde 2005 o Canadá trabalhava num programa para incentivar os atletas a buscar o ouro chamado "Own the Podium" – "Conquiste o pódio".
O investimento que rendeu metais preciosos ao Canadá talvez tenha arranhado um pouco o ideal do romantismo olímpico. Mas talvez esse seja um fato que agora faz parte da essência dos Jogos.
Autor: Joscha Weber (np)
Revisão: Augusto Valente