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Percentual de imigrantes ainda é baixo entre candidatos

16 de setembro de 2013

Partidos políticos alemães levam pouco em consideração os interesses dos migrantes, analisa cientista político. Relação entre país de origem de um migrante e sua preferência partidária podem se refletir na eleição alemã.

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Berlin: Zwei türkische Frauen mit Kopftüchern stehen am 21.10.2001 an der Wahlurne in einem Wahllokal im Berliner Bezirk Kreuzberg. Nach der Aufkündigung der großen Koalition wurden die Berliner vorzeitig zu Neuwahlen aufgerufen. (BER18-211001)
Foto: picture-alliance/dpa

Qual é a importância dada pelos grandes partidos a temas como integração e imigração na campanha eleitoral alemã? A Alemanha tem 80 milhões de habitantes, 15 milhões das quais com histórico de migração. O coordenador das eleições parlamentares anunciou que aproximadamente seis milhões de pessoas com histórico migratório poderão votar no próximo domingo (22/9), o que perfaz 9% de todo o eleitorado do país. E esses eleitores poderão definir os resultados nas urnas.

Preferências claras

No entanto, os estrangeiros e seus descendentes não costumam comparecer com assiduidade para votar. O percentual de votantes entre este grupo costuma ser baixo, especialmente quando se trata dos imigrantes da primeira geração.

Os estudos do pesquisador Andreas Wüst sobre migração mostravam já em 2010 que há uma correlação clara entre os países de origem de um migrante e sua preferência partidária: enquanto os descendentes de alemães da antiga União Soviética tendem principalmente a votar nas conservadoras União Democrata Cristã e União Social Cristã, os turcos optam preferencialmente pelos social-democratas.

Thorsten Faas
Thorsten FaasFoto: Peter Pulkowski

Uma pesquisa mais recente apresentada pelo Conselho de Especialistas das Fundações Alemãs de Integração e Migração mostra que muitos dos estrangeiros com passaporte alemão não votariam em nenhum dos partidos representados no Bundestag (a câmara baixa do Parlamento alemão). Esse é o caso de um terço dos imigrantes oriundos de países da União Europeia e de 25% dos provenientes de outras regiões do planeta.

Representantes do povo com histórico de migração

Uma das razões pelas quais muitos imigrantes não se sentem próximos dos políticos é a ausência de descendentes de estrangeiros concorrendo no pleito. Embora haja alguns exemplos notáveis: o presidente do Partido Democrata Liberal (FDP), Philipp Rösler, tem origem vietnamita; Cem Özdemir, dos verdes, é filho de turcos. Da equipe de assessores diretos de Peer Steinbrück faz parte Yasemin Karakasoglu, descendente de imigrantes. E David McAllister, ex-governador da Baixa Saxônia, possui dupla cidadania.

Uma pesquisa sobre os candidatos dessas eleições feita pelo Serviço de Mídia para Integração apontou que há 89 participantes do pleito com histórico de migração, o que corresponde a 4% do total de candidatos. A maioria deles concorre por partidos de esquerda: 23 pelo Partido Verde, 20 pelo SPD e 20 pela A Esquerda. E alguns deles com boas chances nas urnas. Caso cheguem ao Parlamento, é possível que se perpetue uma tendência crescente de mais deputados de origem estrangeira no Bundestag.

Política de imigração e campanha eleitoral

Andreas Wüst, cientista político do Centro de Pesquisa Social Europeia, sediado em Mannheim, mostrou em suas pesquisas que a presença de tais parlamentares reflete-se também nas ações do Bundestag: de forma geral, dá-se mais atenção a assuntos relacionados à migração e à integração de estrangeiros. Ou seja, não se trata somente de uma presença maior dos imigrantes (ou de seus filhos) no Parlamento, mas de uma força maior das ideias e conteúdos que interessam a eles.

Andreas Wüst, Politikwissenschaftler am Mannheimer Zentrum für Europäische Sozialforschung
Andreas Wüst, cientista político do Centro de Pesquisa Social EuropeiaFoto: privat

Na atual campanha eleitoral, percebe-se, entretanto, pouco desta tendência. Os temas imigração e integração foram pouco ou nada contemplados, embora nos programas políticos de todos os partidos haja passagens genéricas, como por exemplo referências a uma "cultura de boas-vindas" aos estrangeiros no país.

De maneira geral, há um consenso entre os partidos: a Alemanha precisa de imigrantes. Os detalhes da política de migração, no entanto, são muito complicados para uma fase final de campanha eleitoral, e por isso vão sendo deixados de lado.

Assuntos como imigração e integração não são as principais manchetes desta campanha eleitoral de 2013. Em termos de estratégia, fala-se numa "campanha norte-americana", com referência às visitas de políticos aos eleitores e à presença deles em debates televisivos. Tudo aos moldes do que ocorre nos EUA. Neste contexto, não se dá muita importância a temas como imigração e integração. Ou seja, a americanização não se deu ainda neste sentido. Pelo menos ainda não desta vez.

Thorsten Faas é cientista político. Ele dirige o Departamento de Pesquisa Política Empírica no Instituto de Ciências Políticas da Universidade Johannes Gutenberg de Mainz. (sv)