Marketing de Chàvez?
28 de junho de 2007O plano de seis nações sul-americanas (Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Paraguai e Venezuela) de criar o Banco do Sul, a ser referendado na cúpula dos ministros da Economia dos países fundadores, nesta quinta e sexta-feira (28 e 29/06) no Paraguai, é visto com ceticismo no exterior.
Segundo o economista Federico Foders, do Instituto para a Economia Mundial da Universidade de Kiel, na Alemanha, "os objetivos até são aparentemente bons". Mas ele não acredita que o Banco do Sul seja uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, como quer o presidente venezuelano Hugo Chávez, principal idealizador do projeto.
"Políticos latino-americanos sempre gostam de reforçar seu distanciamento [em relação ao FMI e ao Banco Mundial]. Mas isso não pode ser levado a sério", disse Foders à DW-WORLD.
Segundo ele, o escasso capital inicial de 7 bilhões de dólares limita o poder do banco. "Isso é relativamente pouco, levando-se em conta que a Argentina teve 150 bilhões de euros de dívidas durante a sua crise econômica e que os latinos nos EUA enviam anualmente 60 milhões de dólares aos seus países de origem", comparou.
Esquema de Chávez
Na opinião de Hans-Hartwig Blomeier, diretor do departamento latino-americano da Fundação Konrad Adenauer, "politicamente, o plano deve ser levado a sério. Ele cabe no esquema de Chávez para exercer influência sobre o continente. Para isso, ele precisa de determinadas instituições: a televisão multi-estatal TeleSur foi um primeiro passo no setor de mídia. E nesse sentido eu vejo o Banco do Sul como um segundo passo coerente".
Blomeier questiona se a nova instituição será capaz de fazer algo que não seja viável através do Banco Interamericano de Desenvolvimento. "Talvez fosse melhor concentrar os esforços e aperfeiçoar os instrumentos já existentes", declarou à DW-WORLD.
Para ele, a criação do banco não passa de uma "estratégia de marketing de Chávez, para demonstrar capacidade de liderança. É só criação de efeitos e publicidade, como muito do que ele faz na Venezuela". (ir/gh)