Oriente Médio
26 de novembro de 2007Um porta-voz do governo alemão afirmou que a chanceler federal Angela Merkel manifestou seu desejo e do premiê israelense, Ehud Olmert, de que o encontro em Annapolis, no estado de Maryland, nos EUA, seja bem-sucedido na busca de saídas para os conflitos no Oriente Médio. Segundo informações oficiais, Merkel e Olmert conversaram pelo telefone sobre o assunto no último sábado (24/11).
Merkel impulsionou um plano de ação, a ser conduzido pela União Européia – uma contribuição da UE bem vista por Olmert, segundo o porta-voz. O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, havia dito anteriormente que a participação de um grande número de países árabes no encontro de Annapolis seria "um sinal importante para a paz na região".
Síria e Arábia Saudita presentes
Segundo Steinmeier, "israelenses e palestinos irão enfrentar grandes desafios nos próximos meses e precisam, por isso, do apoio da comunidade internacional". Os países árabes têm demonstrado interesse em estabelecer acordos em nome da paz e da estabilidade da região, disse o ministro alemão, que participa das negociações como atual presidente do G8.
A Arábia Saudita e a Síria, que oficialmente não reconhecem Israel, anunciaram que irão participar do encontro em Annapolis, que começa nesta terça-feira (27/11). Os dois países não participaram de um encontro ocorrido em 2000, sob os auspícios do então presidente norte-americano Bill Clinton.
Razões históricas para o pessimismo
O ministro norueguês do Exterior, Jonas Gahr Store, afirmou nesta segunda-feira que não há grandes expectativas de resultados concretos para o estabelecimento da paz em relação ao encontro. "Há razões históricas para ser pessimista", disse Store à agência norueguesa de notícias NTB.
Diferenças fundamentais continuam existindo entre as posturas israelense e palestina, como, por exemplo, em relação à condição de Jerusalém (reclamada como capital pelos dois lados), as fronteiras de um futuro Estado palestino e a situação dos refugiados palestinos.
Hamas rejeita concessões
Os líderes do grupo islâmico Hamas na Faixa de Gaza anunciaram que não irão aceitar nenhuma concessão feita pelos representantes durante o encontro. Segundo o líder Ismail Haniya, "as negociações hoje em dia são inúteis e uma conferência como a de Annapolis é perda de tempo. Nosso povo não vai aceitar compromissos com quaisquer resoluções que firam os princípios nacionais palestinos".
Haniya ocupou o cargo de primeiro-ministro numa unidade de governo palestina até ser demitido em junho último pelo presidente Mahmoud Abbas. Representantes do Hamas não foram convidados a participar da conferência em Annapolis.
Sugestões do Quarteto
Tanto o premiê israelense Olmert quanto Abbas vêem a necessidade de implantação "rota da paz", estabelecida pelo chamado Quarteto do Oriente Médio (EUA, UE, ONU e Rússia) para a região. Os dois, porém, defendem prioridades distintas dentro do programa sugerido pelo Quarteto.
Mesmo antes do início do encontro, analistas já apontam para o perigo de que a conferência não termine nem ao menos com uma declaração comum. Se for o caso, o encontro pode se tornar o que um jornal norte-americano chamou de "a foto mais cara do mundo", aludindo ao perigo de que as imagens da conferência rodem o mundo, sem que se chegue a qualquer resultado concreto. (sv)