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Peste negra ameaça Madagascar

Peter Hille (cn)27 de novembro de 2014

Também denominada peste bubônica, ela foi a maior epidemia da Idade Média, causando milhões de mortes na Europa. Até hoje a peste negra pode ser fatal, como mostra o atual surto no Oceano Índico.

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Foto: DW/P. Hille

O esgoto a céu aberto corre pelos becos de Ankasina e o lixo se acumula nas ruas. A favela no norte da capital de Madagascar, Antananarivo, esta tomada por ratos, afirmam os moradores que responsabilizam o governo pela situação.

Com os ratos, Ankasina foi atingida por um problema maior: a peste negra. Uma jovem moradora do bairro morreu de peste bubônica, provavelmente transmitida pela picada de uma pulga de rato infectada. Ela foi a 47ª vítima fatal do atual surto da doença que se espalha pelo país. Mais de 135 casos suspeitos foram registrados na região.

"Madagascar vivencia regularmente um surto de peste negra", afirmou Brendan Wren, especialista em doenças transmissíveis da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. O clima quente é favorável à proliferação de ratos e pulgas que transmitem a bactéria causadora da doença, reforçou o especialista. "Mas as péssimas condições de higiene também são um problema, especialmente nas prisões superlotadas", acrescentou Wren.

Infografik Beulenpest Portugiesisch

Madagascar é um dos países mais pobres do mundo. A maioria da população vive com menos de 2 dólares por dia. Seu sistema de saúde é pouco desenvolvido e em muitas regiões rurais não há médicos.

O primeiro-ministro do país, Kolo Roger, reconheceu que pela primeira vez em dez anos a peste chegou à capital. "Nós cuidamos de cada caso com toda determinação, seja ele em Antananarivo ou em uma região distante", declarou.

Bactéria e pulgas resistentes

Todas as medidas necessárias para conter a epidemia foram tomadas, afirmou Roger. Segundo o Ministério da Saúde do país, 200 casas localizadas nas favelas da capital foram dedetizadas. O surto também mobilizou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Um especialista da OMS foi enviado a Antananarivo, afirmou o porta-voz da organização Christian Lindmeier. "Nunca foram registrados tantos casos em tão pouco tempo", disse Lindmeier à DW, acrescentando que o próximo passo é encontrar o foco da infecção e conter a transmissão.

"Nós precisamos atacar as pulgas e esse é o grande desafio", completou Lindmeier. O problema é que esses insetos apresentam, muitas vezes, resistência ao inseticida usado no combate, disse.

Se não tratada com antibióticos, a peste é quase sempre fatal. Os primeiros sintomas são febre alta e dor de cabeça, seguido de inchaço nos gânglios linfáticos. Em casos mais graves a pele pode ficar roxa escura. Pacientes medicados rapidamente têm 90% de chances de sobreviver.

"No entanto, algumas das cepas da bactéria que causam a peste em Madagascar adquiriram resistência aos antibióticos. Uma vacina eficaz será uma solução a longo prazo", conta Wren. Porém, ainda não existe uma vacina para a doença.