PF faz buscas no gabinete e em endereços de Marcos do Val
16 de junho de 2023A Polícia Federal (PF) cumpriu na tarde desta quinta-feira (15/06) três mandados de busca e apreensão no gabinete e em endereços do senador Marcos do Val (Podemos-ES), por suposta tentativa de obstruir investigações sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. O parlamentar também teve seus perfis nas redes sociais bloqueados por determinação da Justiça.
A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. As buscas ocorreram no apartamento funcional do parlamentar em Brasília, no gabinete do senador e em um endereço em Vitória (ES).
Em fevereiro, o STF determinou a abertura de investigação contra Do Val para apurar as declarações de que ele teria recebido uma proposta para participar de um golpe de Estado. Na época, o senador declarou que participou de uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira, que tinha como objetivo induzir Moraes a "reconhecer" que ultrapassou as quatro linhas da Constituição com o ex-presidente da República. Depois disso, Do Val deu quatro versões diferentes para o suposto golpe e, por essa razão, é investigado por suspeita de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação no curso do processo.
Moraes admitiu que, em dezembro do ano passado, encontrou-se com o senador, que revelou o alegado plano, mas se recusou a apresentar uma queixa formal. "Disse que era uma questão de inteligência e não poderia confirmar", explicou Moraes na época. "Para mim, o que não é oficial, não existe", destacou, classificando o caso como "uma tentativa de uma 'operação Tabajara'".
Do Val defende que Moraes não pode continuar liderando a investigação sobre os acontecimentos de janeiro porque, na opinião dele, o ministro foi "avisado" de que havia planos para um golpe de Estado e "ignorou" a informação.
Do Val nega acusações
No começo da noite desta quinta-feira, Do Val concedeu entrevistas a redes de televisão e negou as acusações.
"Eu não cometi crime absolutamente nenhum", declarou à GloboNews.
Marcos do Val foi eleito em 2018, com 863 mil votos, para um mandato de oito anos. Ele chegou a dizer que renunciaria ao cargo, mas depois voltou atrás.
O senador é também membro da CPMI dos atos golpistas, que iniciou os seus trabalhos há um mês para investigar os acontecimentos de janeiro e as diligências que antecederam a tentativa de golpe. Postagens do senador em redes sociais também defenderam participantes dos acampamentos que organizaram a tentativa de golpe em 8 de janeiro.
le (Agência Brasil, Lusa, ots)