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Poloneses freiam populismo de direita em eleições municipais

6 de novembro de 2018

Partido governista PiS perde em Varsóvia e outras grandes cidades do país. Derrota pode ser sinal de rejeição dos eleitores a atitudes antidemocráticas e embate do governo com a UE.

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Eleitores votam nas eleições municipais da Polônia, vencidas pela oposição polonesa na capital Varsóvia e em cidades-chave como Wroclaw, Gdansk e Cracóvia
Oposição polonesa venceu na capital Varsóvia e em cidades-chave como Wroclaw, Gdansk e Cracóvia Foto: picture-alliance/ZUMAPRESS/O. Marques

Resultados das eleições municipais da Polônia, divulgados nesta segunda-feira (05/11), revelam que a legenda populista de direita Lei e Justiça (PiS), que governa o país, sofreu um forte revés, perdendo não apenas nas principais cidades como também em várias outras de tamanho médio e pequeno.

No primeiro turno da votação, no dia 21 de outubro, a coalizão opositora liderada pelo partido de centro Plataforma Cívica conquistou Varsóvia, além de cidades importantes, como Breslávia, Posen e Lodz. No último domingo, na segunda rodada de votação, a oposição venceu em outras municipalidades importantes, como Gdansk, Cracóvia e Kielce.

Enquanto os opositores festejavam, os líderes da legenda governista exaltavam o bom desempenho do partido nas votações para as assembleias regionais. Mas o resultado das eleições para prefeito nos principais centros urbanos do país refletem o aumento da rejeição ao PiS, acusado de colocar em risco a democracia com tentativas de subjugar os tribunais do país e transformar a imprensa estatal num veículo de propaganda oficial.

O governo da Polônia esteve em diversas ocasiões em rota de colisão com a União Europeia (UE), que denuncia práticas antidemocráticas adotadas pelo PiS em temas como imigração e preservação do Estado de Direito.

Apesar do resultado das eleições ser visto como um novo impulso à Plataforma Cívica e outros partidos de oposição, alguns analistas ressaltaram que uma parcela significativa da votação da oposição resulta da rejeição ao partido governista. Para terem uma chance de governar o país, essas legendas devem se tornar mais atraentes aos eleitores, e a derrota dos opositores para candidatos independentes em algumas regiões é um sinal dessa vulnerabilidade, afirmaram.

O editor-chefe do jornal Rzeczpospolita, Michal Szuldrzynski, afirmou que o resultado demonstra que o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki e o partido governista "fracassaram em reconquistar o centro moderado e ganhar o apoio da classe média". Segundo Szuldrzynski, um dos fatores que fizeram com que o governo perdesse apoio seria o "flerte" de Morawiecki com grupos radicais, com atitudes e palavras que visam agradar os nacionalistas de extrema direita. Ele mencionou ainda os embates com a UE e um controverso discurso do primeiro-ministro no início do ano sobre o Holocausto, que gerou uma crise com Israel. O jornalista considera este episódio a mais grave crise diplomática do país desde o fim do comunismo, em 1989.

O ex-primeiro ministro polonês Donald Tusk, que atualmente preside o Conselho Europeu, se declarou surpreso com as dimensões da derrota do PiS, que, segundo ele, devem servir de alerta ao governo na sua relação com a UE.

Tusk, que já foi um dos líderes da Plataforma Cívica, ressaltou que o governo polonês deve agir com bom senso e se conscientizar sobre seu lugar na Europa para evitar erros de cálculo políticos que possam resultar numa saída do país da UE. Ele lembrou que o ex-premiê britânico David Cameron não tinha a intenção de retirar seu país do bloco europeu, mas isso acabou acontecendo após um referendo convocado por ele.

"Não é determinante se [o líder do PiS] Jaroslaw Kaczynski de fato planeja deixar a UE ou se apenas inicia processos que poderão resultar nisso", disse Tusk. "A vontade [entre os Estados-membros] de manter a Polônia na UE é menor do que a de manter o Reino Unido", alertou.

RC/rtr/ap

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