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Polícia alemã detém patrulha de extrema direita na fronteira

24 de outubro de 2021

Munidas de cassetetes e outras armas, mais de 50 pessoas faziam patrulha na fronteira com a Polônia para impedir entrada de migrantes na Alemanha. Partido nanico de extrema direita convocou "caminhadas" vigilantes.

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"Contra antigos e novos nazistas!", diz faixa em ato contrário às patrulhas de extrema direita em Guben
"Contra antigos e novos nazistas!", diz faixa em ato contrário às patrulhas de extrema direita em GubenFoto: Michael Tantussi/REUTERS

A polícia alemã informou neste domingo (24/10) que interrompeu a atuação de mais de 50 vigilantes de extrema direita – armados com spray de pimenta, cassetetes e outras armas – que patrulhavam ao longo da fronteira com a Polônia para impedir a entrada de migrantes na Alemanha.

O grupo atendia a um chamado do partido alemão de extrema direita Der Dritte Weg (a terceira via, em tradução literal), que havia pedido a seus membros que fizessem "caminhadas na fronteira" para impedir travessias ilegais de refugiados – muitos do Iraque e da Síria – perto da cidade alemã de Guben, na fronteira com a Polônia.

O partido nanico, particularmente ativo nos estados do leste alemão, é monitorado por serviços de segurança e suspeito de ter ligações com grupos neonazistas.

A polícia apreendeu as armas dos mais de 50 suspeitos – incluindo um facão e uma baioneta – e os fez deixar a região de Guben entre a noite de sábado e as primeiras horas deste domingo, informou um porta-voz. Eles foram proibidos de chegar perto da área fronteiriça. Muitos deles eram locais, enquanto alguns vinham de outras partes da Alemanha, incluindo Baviera e Berlim.

Segundo a polícia, o maior grupo, totalizando cerca de 30 pessoas, foi encontrado perto do vilarejo de Gross Gastrose, ao sul de Guben.

Protesto contra a patrulha

No sábado, dezenas de pessoas fizeram uma vigília em Guben – onde Alemanha e Polônia são separadas pelo rio Neisse – para expressar oposição às patrulhas de extrema direita.

"Não queremos deixar a região para os neonazistas", diz  um comunicado dos organizadores. "Queremos enviar um sinal de que o refúgio é e continua sendo um direito humano."

O prefeito de Guben, Fred Mahro, do partido União Democrata Cristã (CDU) da chanceler federal Angela Merkel, afirmou rejeitar qualquer forma de vigilantismo.

Controle reforçado na fronteira

A Alemanha implantou 800 policiais extras na fronteira com a Polônia para controlar o fluxo de migrantes que tentam entrar no país. "Centenas de oficiais estão trabalhando lá dia e noite. Se necessário, estou preparado para reforçá-los ainda mais", disse o ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, ao jornal Bild am Sonntag.

Seehofer informou que a Alemanha já registrou cerca de 6.162 entradas não autorizadas a partir de Belarus e da Polônia neste ano.

Na semana passada, o ministro havia afirmado que a Alemanha não pretende fechar a fronteira com a Polônia, mas neste domingo sugeriu que o país pode ter que considerar a reintrodução de controles fronteiriços.

"Se a situação na fronteira entre a Alemanha e a Polônia não melhorar, também precisaremos considerar se esse passo precisa ser tomado em coordenação com a Polônia e o estado [alemão] de Brandemburgo. Essa decisão caberá ao próximo governo", afirmou Seehofer.

Tanto a Alemanha quanto a Polônia fazem parte da zona de livre circulação de Schengen. Por isso, normalmente não há controle sobre os indivíduos que cruzam a fronteira entre os dois países. Controles temporários podem ser instaurados, contudo, em caso de ameaça.

Belarus sob sanções

Migrantes têm entrado na União Europeia (UE) vindo de Belarus por meio da Polônia, com países da UE acusando o governo belarusso de enviar refugiados em um esforço para pressionar o bloco.

O líder de Belarus, Alexander Lukashenko, conhecido como o último ditador da Europa, afirmou que seu país não vai mais impedir que migrantes usem seu território como trânsito para entrar na UE.

Belarus está sob sanções de Bruxelas por sua repressão violenta às manifestações anti-Lukashenko no ano passado, após eleições consideradas fraudulentas terem dado mais um mandato ao longevo presidente, que comanda o país há mais de um quarto de século.

A UE também condena um incidente ocorrido em maio, quando autoridades belarussas desviaram um voo da companhia aérea irlandesa Ryanair para prender um jornalista dissidente a bordo.

ek (DPA, Reuters)