Por que a Alemanha não é mais "o melhor país do mundo"?
10 de março de 2017A Alemanha não ocupa mais a primeira posição na lista dos Melhores Países do Mundo realizada pela revista americana US News and World Report. Agora, é a Suíça que sustenta essa honra.
Na pesquisa realizada em cooperação com a Wharton Business School na Universidade da Pensilvânia e a empresa de consultoria Y&R's BAV Consulting, os alemães estão atrás do Reino Unido (3°) e do Canadá (2°).
"Pessoas ao redor do mundo reagiram ao fato de ter havido tanta mudança sistêmica", afirma John Gerzema, CEO da Y&R's BAV Consulting num vídeo sobre a pesquisa. "Ao observar os resultados, vemos: houve essa fuga em direção à estabilidade."
Critérios do ranking
O ranking é baseado numa série de categorias: aventura, cidadania, influência cultural, empreendedorismo, legado, agilidade, abertura para negócios, vigor e qualidade de vida.
Mais de 21 mil pessoas em todo o mundo foram questionadas com 65 atributos relacionados a essas categorias. Os participantes da pesquisa decidiram então o quanto essas qualidades estavam associadas com cada país. Quanto mais forte a associação, maior a pontuação.
Os responsáveis pela pesquisa da US News and World Report compilaram um subranking para cada uma das nove categorias – e, na compilação do ranking total, o peso atribuído a cada subranking foi baseado em quanto uma categoria estava relacionada com a riqueza.
Em suma: as pessoas votaram em quão fortemente eles associavam um país com uma determinada característica. E se esse atributo estivesse relacionado ao Produto Interno Bruto (PIB) em paridade com o poder de compra, a pontuação importava muito. Se não estivesse relacionado, não havia muito impacto sobre a nota. Os melhores países, ao que parece, são os países mais ricos.
Refúgio nos Alpes
Em nenhum lugar, isso fica mais evidente como na primeira posição: Suíça. Uma nação de bancos, onde os grandes atores sempre cuidam para manter sua riqueza longe dos olhos curiosos de inspetores fiscais.
Viajando para Suíça como um estrangeiro, percebem-se rapidamente algumas coisas. As montanhas são muito belas. O gosto do chocolate é divino. E tudo, de alimentos aos famosos relógios suíços, é extremamente caro.
Em termos de preços acessíveis, a Suíça não conseguiu nenhuma pontuação. Com 0,3 ponto, a Alemanha não se saiu muito melhor. Mas, em outros quesitos, o país se deu bem.
Na categoria "sistema educacional bem-desenvolvido", a Alemanha tirou 9,8 de 10 pontos. Em termos de educação, o país é a terceira melhor nação para se viver, de acordo com o ranking da US News and World Report.
Outra área em que a Alemanha está se saindo bem é o empreendedorismo. Nessa categoria, o país é imbatível: tirou nota 10. Os participantes reconheceram a infraestrutura bem-desenvolvida, a força de trabalho qualificada e a educação da população.
A queda da primeira para a quarta posição veio de pontuações menores nas categorias abertura para negócios, cidadania e qualidade de vida.
Efeito Trump e Escandinávia
Um país que caiu três posições no ranking também foi os EUA, que passou do quarto para o sétimo lugar.
"Pelo que podemos dizer, isso esteve bastante ligado aos resultados da eleição presidencial", afirmou Devon Haynie, da US News and World Report. "Cerca de 75% de nossos entrevistados disseram que a eleição fez com que passassem a ver uma imagem mais negativa dos Estados Unidos."
O país de Trump, no entanto, ainda está se saindo muito bem em alguns quesitos. Ele foi considerado a nação mais poderosa do mundo e tirou o terceiro lugar na categoria influência cultural, como também no empreendedorismo.
O ranking também incluiu listagens mais específicas, como o país mais ecológico, o melhor para se iniciar um negócio e o melhor para mulheres.
Nas primeiras três posições, como foi decidido por 9 mil mulheres que participaram da pesquisa, estão os países escandinavos. O primeiro lugar ficou com a Suécia, seguida da Dinamarca e da Noruega.
A igualdade de gênero desempenha um importante papel na sociedade sueca. A revista US News and World Report salientou que esse conceito "está consagrado no sistema educacional sueco, onde quase dois terços de todos os graus universitários são concedidos a mulheres, e em suas políticas de licença parental, que garantem três meses de licença para cada um dos pais."