Sociedade anônima
1 de novembro de 2007Com quase 450 anos de idade, a Bolsa de Valores de Hamburgo é a mais antiga da Alemanha. Já o porto da cidade, responsável por mais de 130 mil empregos, é o maior do país e o segundo maior da Europa, atrás apenas do de Roterdã. Nesta sexta-feira (02/11), o porto se tornará uma empresa de capital aberto.
Com a entrada na bolsa de valores, a Companhia Operadora do Porto de Hamburgo (HHLA) espera um aumento de capital da ordem de 100 milhões de euros. Mas uma quantia muitas vezes maior do que esta deverá fluir para o caixa do sócio majoritário, que continua a ser a Cidade Livre e Hanseática de Hamburgo.
A HHLA informa que a captação de recursos através da venda de ações possibilitará a urgente ampliação do porto. Os trabalhadores portuários, no entanto, afirmam que a entrada de capital não é necessária e temem por seus postos de trabalhos.
Entrada em bolsa
O ingresso do porto de Hamburgo na bolsa de valores, nesta sexta-feira, é um dos maiores dos últimos anos na Alemanha. Cerca de 22 milhões de ações da HHLA serão oferecidas, o que corresponde a 30% da empresa. A HHLA prevê uma valor entre 43 e 53 euros por ação, o que poderia render até 1,16 bilhão de euros. Mas o interesse é grande e o mercado espera que o valor negociado por ação suba logo.
Se o rápido crescimento portuário continuar nos próximos anos, dezenas de milhares de novos empregos serão necessários para dar conta do aumento contínuo do número de contêineres. As instalações do Porto de Hamburgo terão que ser ampliadas e modernizadas.
O valor de 1,16 bilhão de euros que deverá ser captado com a entrada na bolsa será usado na ampliação da infra-estrutura. Uma decisão da Assembléia Legislativa de Hamburgo determina que esse dinheiro seja usado para a ampliação do porto. A oposição na Assembléia acha, no entanto, que as sociedades portuárias deveriam pagar tal ampliação do próprio bolso.
Eleições legislativas
O ex-ministro alemão da Cultura e principal candidato da oposição para as eleições legislativas da cidade-estado, Michael Naumann (SPD), avalia a entrada do porto na bolsa como "o erro do século" do governo democrata-cristão de Hamburgo.
O político social-democrata exige que tal entrada seja postergada até as eleições legislativas de fevereiro próximo.
Devido às recentes quedas nos índices das bolsas de valores, "tanto nos Estados Unidos como também aqui", Naumann não acredita que este seja o melhor momento para essa decisão. "Deve-se também levar em consideração que a maioria dos cidadãos da cidade não concorda com a venda", comenta.
Companhia saudável
Fortes protestos também vieram dos empregados da HHLA. O presidente do Conselho Geral de Empresa, Arno Münster, acusa o governo da cidade de tentar vender a empresa.
"A HHLA é uma companhia saudável que duplicou seus resultados empresariais nos últimos três anos e não existe razão para que os investimentos que queremos fazer sejam garantidos pelo capital externo. Nós mesmos possuímos o dinheiro. O 1,2 bilhão de euros necessário para a ampliação dos terminais já existe e já está parcialmente financiado", afirmou Münster.
Atrás dos protestos dos portuários está o medo de que seus postos de trabalhos estejam ameaçados com o chegada de um novo grande investidor. Chegou-se a um acordo, finalmente, de levar somente 30% da empresa à bolsa.
Além disso, os 4,2 mil portuários da HHLA também poderão adquirir ações da empresa. Até uma participação de 2,8 mil euros, eles terão um generoso desconto de 50%.