Lula no Irã
16 de maio de 2010Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se neste domingo (16/05) com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em Teerã. Os dois chefes de governo salientaram, a princípio, que as relações comerciais entre Brasil e Irã estariam no centro das conversas.
Em declaração, Lula e Ahmadinejad anunciaram que irão expandir o comércio bilateral para um montante de 10 bilhões de dólares (cerca de 8 bilhões de euros) anuais. O presidente iraniano descreveu seu país e o Brasil como "duas potências do futuro".
Quanto ao impasse nuclear, as chances de que os esforços de Lula tragam resultados concretos, com vista a um acordo que resolva o problema, são consideradas muito pequenas por países como EUA e Rússia. Um representante da delegação brasileira declarou que as negociações continuam nesta segunda-feira (17/05).
Uma avaliação definitiva dos esforços brasileiros de intermediação só deverá ocorrer após o fim das negociações, disse ele, ao observar que o presidente brasileiro estaria "otimista". Nao há ainda, todavia, qualquer declaração oficial que mencione a questão nuclear.
Reunião do G-15
Além de Ahmadinejad, Lula também se encontrou neste domingo com o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Segundo a TV estatal iraniana, o líder religioso afirmou que a atual ordem mundial, sob a hegemonia dos EUA e de outros poucos países, poderia ser modificada através da cooperação de "Estados autônomos" como o Brasil e o Irã.
O presidente brasileiro viajou para Teerã com uma delegação de 300 pessoas. Ainda neste domingo, Lula assinou uma série de acordos econômicos. Nesta segunda-feira, o presidente brasileiro pretende participar da reunião do chamado G-15, grupo que reúne países emergentes e em desenvolvimento, fundado em 1989.
Surpresa turca
Para o Ocidente, a visita de Lula a Teerã é a última chance para evitar sanções por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra o Irã. Brasil, Turquia e Líbano, membros temporários do Conselho de Segurança da ONU, rejeitam novas punições contra Teerã.
Lula defende o direito iraniano de desenvolver seu programa nuclear para fins pacíficos. A comunidade internacional desconfia, todavia, que a verdadeira intenção de tal programa seria a construção de armas nucleares.
Inicialmente, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, desistira de participar dos esforços de intermediação de Lula. Erdogan afirmou que houve pouca movimentação pelo lado iraniano e enviou seu ministro do Exterior, Ahmed Davutoglu, para conversas com o colega de pasta iraniano, Manuchehr Mottaki.
No entanto, segundo a agência de notícias turca Anadolu, Erdogan surpreendeu e anunciou neste domingo que adiaria sua visita ao Azerbaijão para a segunda-feira e viajaria a Teerã, a fimd e apoiar os esforços de Lula.
CA/dpa/afp
Revisão: Soraia Vilela