Presidente afegão acusa Paquistão após novo ataque em Cabul
10 de agosto de 2015O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, exigiu que o Paquistão reprima o Talibã após a explosão de um carro-bomba perto do aeroporto de Cabul, reivindicada pelos insurgentes, matar cinco pessoas nesta segunda-feira (10/08). O incidente é o mais recente de uma série de ataques suicidas na capital afegã.
Num discurso televisionado, Ghani acusou o governo paquistanês de apoiar os talibãs, cuja guerra contra Cabul está chegando ao 14º ano. O presidente afegão disse que, ainda esta semana, enviará uma delegação ao país vizinho para exigir o fim do apoio.
"Sabemos que eles são ativos lá. Precisamos que todas essas atividades parem", disse Ghani, referindo-se a líderes do Talibã que vivem no Paquistão. O presidente pediu que o país vizinho aja contra as fábricas de bombas e os campos de treinamento de ataques suicidas em seu território. Não houve resposta imediata de Islamabad, que já negou anteriormente apoiar os insurgentes.
Os recentes ataques em Cabul, que mataram dezenas e feriram centenas de civis, ocorrem na sequência da troca na liderança do Talibã. Os atentados frustam as esperanças de uma retomada imediata das negociações de paz com o governo, ao sugerirem que o novo líder talibã, o mulá Akhtar Mansour, está enviando uma mensagem de que não haverá trégua na insurgência.
Desde que assumiu a presidência, há um ano, Ghani vem buscando uma aproximação com o Paquistão na esperança de que o vizinho pressione o Talibã a participar de negociações. "Tínhamos esperança de paz, mas a guerra foi declarada contra nós a partir do território paquistanês", disse.
Além dos cinco mortos, o ataque suicida desta segunda-feira deixou 16 feridos, entre eles uma mulher e uma criança, segundo as autoridades afegãs. O Talibã reivindicou responsabilidade, afirmando que tinha "forças estrangeiras" como alvo e negando que civis afegãos tenham sido mortos.
Segundo um policial que estava no local do ataque, a intenção parece ter sido atingir dois carros blindados, mas não está claro quem estava dentro deles. O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, disse que os ocupantes dos veículos eram estrangeiros e que todos foram mortos.
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