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Primeira mulher indicada para a Procuradoria Geral alemã

(jb / mr)4 de abril de 2006

Em um país onde a maioria dos postos políticos e de negócios é ocupada por homens, a indicação de Monika Harms ao cargo de procuradora geral traz a esperança de que o panorama esteja mudando para as mulheres.

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Monika Harms, indicada para posto exclusivamente masculinoFoto: picture-alliance/dpa

É quase um clichê. Entrar numa reunião de chefia, num encontros políticos ou mesmo numa conferência de imprensa, na Alemanha, significa entrar numa sala repleta de homens.

Bundeskanzlerin Angela Merkel, Landtagswahlen, 2006, Porträt
Merkel no poder é exemplo para as alemãsFoto: AP

Ano passado, Angela Merkel tornou-se a primeira chanceler federal feminina da História, e as pessoas começaram a especular sobre se o acontecimento não traria uma reviravolta para o panorama das mulheres alemãs. Uma outra novidade – a indicação de Monika Harms como primeira mulher a comandar a Procuradoria Geral – torna essas especulações mais concretas.

"Acredito que sou um exemplo de que as mulheres podem, sim, alcançar postos altos", disse Harms há 19 anos, depois de ter sido indicada para a Corte Federal de Justiça, a mais alta corte de apelações do país.

Mas ela não imaginava quão alto ainda iria chegar.

Uma grande volta por cima

Nascida em 1946, em Berlim, Harms cresceu em Frankfurt, estudou em Heidelberg e em Hamburgo. Sua carreira judicial começou como promotora responsável por crimes corporativos, em 1974. Posteriormente, trabalhou como juíza na corte fiscal de Hamburgo, antes de ser indicada à Corte Federal de Justiça.

Autodefinindo-se como conservadora, Harms é vista por seus colegas como uma pessoa que trabalha em equipe e é conhecida por sua integridade e pragmatismo na solução de problemas. Apesar de filiada à União Democrata Cristã (CDU), nunca foi tida como uma ativista do partido.

Harms é considerada a candidata favorita para o Tribunal Constitucional Federal, que abrirá duas vagas este ano. Ela deixou claro que prefere o cargo de procuradora geral. Neste posto, Monika Harms entrará para um verdadeiro "clube do Bolinha", no lugar de seu antecessor, Kay Nehm, que se aposentará em maio, e conduziu o time que, há dez anos, é composto por 25 homens.

Esperança para as outras?

Monika Harms
Harms: 'Acredito que sou um exemplo de que as mulheres podem, sim, alcançar postos altos'Foto: picture-alliance/ ZB

Ainda não é certo que a indicação de Harms trará mudanças na Alemanha para as mulheres que ainda batalham para quebrar a barreira masculina. As estatísticas são pessimistas.

A porcentagem de mulheres em postos de comando nas empresas do país não passa de 4%. Um informe sobre igualdade dos sexos, publicado pela Comissão Européia, mostrou que a diferença de salários entre homens e mulheres aumentou 3% nos últimos cinco anos. Em 2004, os homens alemães ganhavam em média 23% a mais do que as mulheres, pelo mesmo trabalho.

Mesmo assim, no campo da política e na Justiça, a situação está melhor para as mulheres desde que o chanceler Konrad Adenauer relutantemente indicou pela primeira vez uma mulher para o cargo de ministra – Elisabeth Schwarzhaupt, em 1961. Schröder contava com seis mulheres em seu gabinete, enquanto Merkel trabalha com cinco. Atualmente, as mulheres representam cerca de um terço do parlamento, enquanto eram somente 9% do total, em 1980.

A maior representatividade das mulheres na política é atribuída à grande quantidade de leis e de políticas lançadas nos anos 80 e 90 que garantem a igualdade entre os sexos e a equivalência de oportunidades – entre elas, destaca-se o sistema de cotas introduzido pelo Partido Verde, reservando 50% dos postos e cadeiras do partido no parlamento às mulheres.

Muitos acreditam que a escalada das mulheres no mercado de trabalho fará com que a população se acostume a vê-las ocupando os altos postos. No que diz respeito a isso, Harms já cumpriu o seu papel, dando um grande exemplo.