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Protestos antirracistas fazem Berlim trocar nome de rua

21 de agosto de 2020

"Rua do Mouro" recebe nome do primeiro acadêmico negro da Alemanha, Anton Wilhelm Amo. Denominação original era condenada como pejorativa e ultrapassada, e voltou à berlinda no impulso do Black Lives Matter.

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Placa de rua "Möhrenstrasse"
Em protesto, ativistas colocaram "trema" sobre a Mohrenstrasse, transformando-a em "rua da Cenoura"Foto: picture-alliance/dpa/B.v. Jutrczenka

A Mohrenstrasse, (Rua do Mouro) de Berlim será rebatizada, em resposta à polêmica envolvendo a origem racista do nome. Autoridades do bairro Mitte informaram nesta quinta-feira (20/08) que o novo nome será Anton Wilhelm Amo Strasse, em homenagem a um ex-escravo considerado o primeiro acadêmico negro da Alemanha.

A decisão atendeu a pedidos do Partido Social-Democrata (SPD) e do Partido Verde, reagindo aos protestos antirracistas inspirados pelo movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) na capital alemã e outras partes do país. Os políticos requereram que a subprefeitura de Berlin-Mitte iniciasse imediatamente o processo de renomeação, a fim de se adequar à "compreensão de democracia dos dias atuais" e eliminar o "nome de origem racista, que criminaliza e fere a reputação nacional e internacional de Berlim".

Na Idade Média, a palavra Mohr (mouro) era utilizada como referência racializada aos muçulmanos da Europa e Norte da África. Segundo linguistas, no século 18 o vocábulo tornou-se uma alusão pejorativa a pessoas negras, e não é mais utilizado no alemão moderno. Apesar de ultrapassado, ruas e estabelecimentos comerciais de várias partes do país levam esse nome.

Entidades e ativistas antirracismo saudaram a decisão: "Este é um grande dia. Berlim está banindo um insulto", comentou a porta-voz da iniciativa Postkolonial, Mnyaka Sururu Mboro.

Anton Wilhelm Amo foi um filósofo africano proveniente do território da atual Gana. Ele concluiu seu doutorado na cidade de Halle em 1729, onde passou a lecionar, assim como nas universidades de Wittenberg e Jena.

Entretanto a história de como ele veio parar na Alemanha é cercada de controvérsias. Segundo alguns relatos, ele teria sido capturado como escravo pela companhia Dutch West India, notória pelo tráfico e exploração de negros. Outras fontes sustentam que teria sido "dado" à corte do principado de Brunswick-Wolfenbüttel, e lá escravizado.

Organizações de apoio aos direitos dos africanos e afro-alemães, e grupos que lidam com o legado do passado colonialista da Alemanha há muito exigiam a mudança do nome da rua. No início de julho, a companhia de transportes públicos da capital decidira rebatizar a estação de metrô Mohrenstrasse com o nome da adjacente Glinkastrasse – apesar de os regulamentos da cidade estabelecerem que as estações do metrô devem ter o nome da rua onde se localizem.

Entretanto políticos locais rejeitaram a proposta, em face das alegações de antissemitismo contra o compositor russo Mikhail Ivanovich Glinka (1804-1857). A busca por um novo nome para a estação berlinense está em curso.

RC/epd/afp

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