Protestos contra o Uber acabam em violência na França
25 de junho de 2015Protestos contra o app para smartphones Uber, que oferece caronas pagas, acabaram de forma violenta nesta quinta-feira (25/06), na França. Os taxistas que participavam de uma greve atacaram e incendiaram carros e bloquearam estradas, obrigando a polícia de Paris a usar gás lacrimogêneo para liberar uma das principais vias de acesso à cidade.
Os taxistas protestaram contra o serviço do Uber chamado UberPop, que coloca clientes em contato com motoristas que oferecem caronas a preços mais baixos que os dos taxis. O UberPop é ilegal na França desde janeiro deste ano, mas a lei é de difícil aplicação, e o serviço continua operando.
Quase 3 mil taxistas participaram da paralisação, e 11 deles foram presos – em Paris e Lyon – por envolvimento nos conflitos ocorridos depois de os motoristas terem bloqueado o acesso a aeroportos, estação de trem e grandes estradas. Em outras grandes cidades, como Toulouse e Marselha, os protestos foram pacíficos.
O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, pediu que "todos os participantes dos protestos não se envolvessem em violência" e disse ter solicitado a procuradores que emitissem uma ordem de proibição do UberPop.
Um motorista, que afirmou não trabalhar para o Uber, foi arracando de sua van quando se aproximou de um bloqueio em Paris. Os manifestantes também atacaram um carro que transportava a roqueira Courtney Love. Ela afirmou que o veículo dela foi cercado e o motorista, feito refém. "Francois Hollande onde está a droga da polícia???", escreveu no Twitter. "Isso é a França?? Estou mais segura em Bagdá", acrescentou.
O Uber, baseado nos EUA, oferece diferentes serviços de carona e afirma ter 400 mil clientes por mês na França. Os motoristas não pagam impostos, não passam pelas 250 horas de treinamento obrigatórias para taxistas e não têm o mesmo seguro que os táxis comuns. Desde que o UberPop foi banido na França, seus motoristas correm o risco de serem condenados a até um ano de prisão e multados em 15 mil euros.
O serviço mais caro do Uber ainda é legal no país, mas fonte de frustração para taxistas. Eles afirmam que o serviço mina seu trabalho e se veem diante de reclamações de clientes por serem resistentes a mudanças, como aceitar cartões de crédito. Nas últimas semanas, cerca de cem motoristas do Uber foram atacados, muitas vezes ao transportarem passageiros.
Assim como na França, taxistas de outros países também já protestaram contra o Uber. Na Alemanha, o aplicativo foi proibido em março deste ano.
LPF/ap/afp