Protonterapia moderniza a Alemanha contra o câncer
19 de maio de 2005"É difícil afirmar que a protonterapia seja a nova esperança para a cura do câncer", disse o professor Wolfgang Schlegel, do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer. Mesmo assim, e ainda com o sistema de saúde reticente, o alto investimento que a Alemanha faz na construção de clínicas especializadas no tratamento estampa a opinião do país sobre o método que pode contribuir para salvar a vida dos pacientes. Na Alemanha, anualmente 340 mil pessoas são atingidas por algum tipo de câncer.
Atualmente operam em todo o mundo apenas quatro clínicas de tratamento integral com prótons – duas no Japão e duas nos Estados Unidos. E uma, denominada Centro Rinecker de Protonterapia, em Munique, acabou de ser inaugurada.
Trata-se do primeiro centro europeu que conta com uma equipe especializada para atender cerca de quatro mil pacientes por ano. Ela é financiada de maneira privada, mas o empreendimento deu início ao que deve se tornar uma tendência no país.
Em Colônia, na Renânia do Norte-Vestfália, uma nova clínica já teve a sua planta implementada. Ela custará 180 milhões de euros e ficará pronta em 2007. O custo da terapia por paciente escila entre 17 e 20 mil euros.
"Naturalmente depositamos grandes esperanças neste tipo de tratamento, mas certamente não se trata de um milagre que poderia vencer completamente este mal. Os avanços da oncologia são pequenos passos que estão somando, e a protonterapia, sem dúvida, é um passo muito significativo", afirmou o professor Schlegel.
Faltam testes
Ainda não há estudos clínicos suficientes que permitam conhecer todos os tipos de tumores em que os prótons podem dar bons resultados. E, de acordo com o pesquisador, tal técnica ainda não tem aplicação ampla devido ao seu alto custo, que pode ser até 15 vezes maior do que o das terapias convencionais.
Ao mesmo tempo, Schlegel revela que o sistema de saúde alemão ainda não tem condições de assumir tais custos sem estatísticas que comprovem a eficácia da técnica.
"Nos Estados Unidos isso se faz com mais rapidez, mas na Alemanha o caminho é mais complicado e ele avança com lentidão", comentou. Com isso, o prejudicado acaba sendo o paciente – a protonterapia reduz ao mínimo o risco de surgimento de tumores secundários no tratamento de crianças e adolescentes, por exemplo.
Na opinião do engenheiro Detlef Krischel, diretor da empresa de tecnologia Accel Instruments, de Bergisch Gladbach, que produz um acelerador de prótons, o problema está no custo dos equipamentos.
"A protonterapia não se aplica a um número maior de pacientes por causa do alto custo dos equipamentos, que chegam a 150 milhões de euros cada um", explicou.
A protonterapia
É um ramo da medicina nuclear aplicado no tratamento de tumores malignos. Sua história teve início em 1954, quando o físico norte-americano Robert Wilson propôs o seu uso na medicina.
Desde então, 40 mil pacientes já foram submetidos ao tratamento. Os prótons, núcleos dos átomos de hidrogênio, possuem alta carga energética e podem atravessar a pele e os tecidos quase sem gerar danos, até atingir o tumor. Eles transitam a 60% da velocidade da luz (180 mil km/s) e destroem as células cancerígenas.