Quando começar a aprender outro idioma?
14 de setembro de 2015No aprendizado de idiomas estrangeiros, a máxima "quanto mais cedo, melhor" nem sempre funciona. É o que revela uma pesquisa feita pela linguista Simone Pfenninger, da Universidade de Zurique, na Suíça, que há cinco anos acompanha a mesma turma de uma escola local para testar o desenvolvimento deles nas aulas de inglês.
"Às vezes, é melhor começar mais tarde e de forma mais intensiva. É um engano apenas reduzir a idade dos alunos", diz Pfenninger.
Na escola em que a linguista realiza sua pesquisa, os alunos começaram a ter aulas de inglês já no ensino fundamental. Agora, aos 13 anos, eles dizem que gostam da matéria, mesmo que a gramática não seja divertida.
"Depois de aprender as regras de gramática e de ortografia, você desenvolve uma intuição do que pode estar certo ou errado", diz a aluna Desirée Beck.
O professor que ensina a turma é o americano Michael Roth. Ele considera os resultados das aulas positivos. Os alunos conversam sem nenhum problema e mostram afinidade com o idioma, o que Roth considera uma consequência do ensino precoce de inglês.
"Em geral, eles ficam mais confiantes com o idioma, e nós achamos isso ótimo. O aspecto negativo é que eles têm pouca noção de ortografia e gramática e mostram muito mais dificuldades nos exercícios escritos que nos orais", pondera.
"Gosto mais de praticar conversação do que fazer exercícios de escrita", diz o aluno Nilo Cavalli. "Às vezes, digo palavras que não sei como são escritas. É mais fácil dizê-las do que ter de escrevê-las", afirma sua colega Mia Born.
Mais motivados
Com questões orais, redações, provas de gramática e questionários, Pfenninger testa os conhecimentos e a motivação de 500 estudantes.
Ela compara o desempenho de alunos que já tiveram aulas de inglês bem cedo com o daqueles que começam a estudar o idioma mais tarde, aos 13 anos.
O estudo mostra que quem aprende o idioma mais tarde consegue recuperar a diferença em pouco tempo, além de demonstrar muito mais motivação.
A razão, segundo a linguista, é a forma como o inglês é ensinado no curso fundamental. No currículo atual, são apenas duas aulas por semana. Além disso, as crianças aprendem palavras e frases soltas de forma lúdica. Nessa fase, ortografia e gramática quase não entram no jogo. Quando esses alunos passam para o ensino médio, tendem a ficar desmotivados com as novas exigências.
"No começo, eu não achava tão difícil. Pelo contrário, era muito interessante", diz a aluna Carlotta Späni.
"Na verdade, não significa que é preciso acabar com tudo e voltar a fazer como antigamente. Mas é preciso aperfeiçoar as aulas de inglês para os alunos do ensino fundamental. Temos de ver tudo o que é possível fazer", diz Pfenninger.
Língua materna
Outra conclusão do estudo também preocupa. Quem começa a estudar inglês muito cedo, apresenta dificuldades na língua materna quando chega aos 13 e 14 anos.
"Constatamos que é melhor que os alunos tenham os conhecimentos da língua materna bem consolidados antes de começar com um idioma estrangeiro. O inglês pode ser ensinado com base nesses fundamentos. Os alunos que começaram a estudar inglês mais tarde mostraram melhor desempenho na língua materna do que os que começaram com inglês mais cedo. Assim, eles aproveitam melhor a língua estrangeira", diz Pfenninger.
A linguista sugere primeiro consolidar os conhecimentos na língua materna para depois começar com um segundo idioma. E, quando este for iniciado, que seja de forma mais intensiva:
"Como pesquisadora, acho que a forma ideal de ensinar inglês tem de ser intensiva, tanto faz a idade dos alunos. Ou seja, além das quatro a cinco aulas normais por semana, também uma imersão na língua com mais possibilidades de interação."