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Renda na aposentadoria preocupa artistas alemães

4 de novembro de 2012

Dificuldades financeiras na velhice é um tema discutido atualmente na Alemanha, especialmente entre artistas que não são famosos. Com uma renda variável e irregular, eles pensam em alternativas para garantir o futuro.

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Foto: picture-alliance/dpa

"Quando se é famoso, não há problema. A maioria dos meus conhecidos que também trabalham como artistas apenas sobrevive. No meu caso também só dá para ter uma vida modesta", relata Jürgen Feneberg, que trabalha em seu próprio ateliê no bairro de Kreuzberg, em Berlim. Feneberg pinta, faz esculturas e tem um grupo de clientes fieis.

Músicos, atores e também escritores na Alemanha são, em sua maioria, profissionais liberais. Não dá para saber exatamente quantos eles são, pois qualquer um pode se intitular artista.

Eles são autônomos e vivem de vender o trabalho que produzem – o que, geralmente, tende a ser algo mais negativo do que positivo, pois quase não sobra nada para garantir a aposentadoria. Artistas de renome e com vultosos ganhos são, na verdade, as exceções.

De acordo com o Seguro Social para Artistas (KSK, na sigla em alemão), pelo qual artistas autônomos precisam estar segurados, a média da renda anual de todos os segurados que trabalham com textos, música, artes plásticas ou cênicas ficou, em 2011, em torno dos 14 mil euros. Isso é menos que 1,2 mil euros por mês – bruto.

Os artistas segurados pagam, por meio do KSK, uma parcela do seguro saúde, de atendimento na velhice (obrigatório na Alemanha) e da aposentadoria. A outra metade é coberta, entre outros, pelo governo federal, num sistema parecido quando o funcionário é contratado por uma empresa. Isso porque uma renda mensal de 1,2 mil euros é muito próxima da linha de pobreza, que na Alemanha é de 1 mil euros.

Künstler Jürgen Feneberg Berlin
Jürgen Feneberg em seu ateliê, em BerlimFoto: Stephanie Nückel

As contribuições para a aposentadoria pública dependem do valor da renda e a contribuição de um baixo valor significa, no futuro, uma aposentadoria baixa. Artistas podem ampliá-las com uma previdência privada, exatamente como faz Feneberg. "Mas essa contribuição também é pequena. Se a quantidade de dinheiro que entrasse fosse boa, eu iria guardá-lo para mais tarde", explica o artista.

Renda instável e irregular

"A renda mensal dos artistas varia bastante. A quantidade de dinheiro ganha por escritores, atores ou artistas plásticos é bem irregular", avalia Veronika Mirschel, diretora do departamento de trabalhadores autônomos e liberais do Sindicato de Trabalhadores do Setor de Serviços (Verdi, em alemão). "Em geral, a situação para artistas da Alemanha não é boa", avalia.

Trabalhos complementares, os "bicos", não são uma raridade. "Quando as coisas vão bem, é possível combinar um trabalho com outro. Um artista plástico pode fazer trabalhos na internet para empresas e atores ganham dinheiro prestando serviço como dubladores", diz Mirschel.

Também entre os amigos artistas de Feneberg, segundo ele, não é nada incomum fazer bicos para ganhar um dinheiro extra. Ele próprio ganha dinheiro emprestando suas obras de arte para empresas. Além disso, desde abril deste ano, Feneberg é sócio de uma empresa de festas em Berlim.

Aos 48 anos, ele já tem algumas ideias para a velhice, como uma república de idosos. "Ainda não tenho planos concretos", diz Feneberg, que há 25 anos ganha a vida apenas com sua arte. "Meus amigos artistas se preocupam com isso."

Aos 82 anos, Mario Adorf continua atuando
Aos 82 anos, Mario Adorf continua atuandoFoto: picture-alliance

Viver no presente

Mesmo idosos, alguns artistas conhecidos na Alemanha continuam trabalhando, como os pintores Gerhard Richter e Markus Lüpertz, o ator Mario Adorf e a escritora Monika Maron. "A maioria dos artistas continua trabalhando durante a velhice por uma autoafirmação profissional, não apenas pelo dinheiro", explica Mirschel.

Feneberg também sabe que a vida de artista é muito diferente da de pessoas que seguem outras carreiras. "Não sou ingênuo no que diz respeito à velhice. Mas eu me acostumei a viver no presente."

Autora: Sabine Oelze (msb)
Revisão: Fernando Caulyt