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Moscou e Kiev trocam acusações sobre ataque em usina nuclear

5 de agosto de 2022

Agências de notícias russas informaram que ucranianos teriam disparado contra central de Zaporíjia, ocupada pelos invasores desde março. Ucrânia diz que foram os próprios russos que bombardearam a área.

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Soldado em frente à usina
Usina de Zaporíjia, com os seis reatores em funcionamento, é capaz de gerar 6.000 megawattsFoto: ALEXANDER ERMOCHENKO/REUTERS

Moscou e Kiev trocaram acusações após um bombardeio à usina nuclear de Zaporíjia, na Ucrânia, a maior da Europa, atualmente sob controle russo. 

Agências de notícias russas informaram nesta sexta-feira (05/08) que o exército ucraniano teria disparado contra as instalações, citando como fonte os ocupantes russos que controlam o local desde que a usina foi tomada, em março. Segundo as agências, duas linhas de energia foram cortadas e houve um incêndio. As informações não puderam ser verificadas de forma independente pela DW. 

A Ucrânia, por sua vez, afirma que os próprios russos bombardearam a área. Como resultado dos ataques, uma linha de alta tensão para a usina termelétrica vizinha foi danificada, de acordo com a estatal ucraniana Energoatom, operadora da usina nuclear antes da invasão russa. Um dos reatores da usina nuclear teria sido fechado.

Situação alarmante

Há poucos dias, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) manifestou preocupação com a situação em torno da usina de Zaporíjia, que com os seis reatores em funcionamento é capaz de gerar 6.000 megawatts – no momento, três reatores estão em operação.  

Uma inspeção para verificar a segurança técnica é urgentemente necessária, segundo Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA. Ele planeja uma viagem técnica ao local, mas o acesso é impossível sem o acompanhamento das forças de paz da ONU, razão pela qual Grossi está com contato com o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O serviço secreto britânico também informou recentemente que chegou à conclusão de que é "altamente provável" que as ações das forças armadas russas coloquem em risco a segurança da usina.

Segundo especialistas, se a usina perder a energia da rede devido a um potencial aumento de combates na região, os geradores e baterias de backup não seriam suficientes para resfriar os seis reatores e os grandes reservatórios de combustível altamente radioativo.

Somam-se a essas preocupações as suspeitas de que as forças russas estariam usando Zaporíjia como depósito de armas e cobertura para o lançamento de ataques.

Clarão visto durante a noite
Ataque em 4 de março provocou outro incêndio na usina de ZaporíjiaFoto: Zaporizhzhya NPP/REUTERS

Incêndio anterior

Em 4 de março, a Europa acordou em pânico devido à possibilidade de um desastre nuclear. Zaporíjia pegou fogo após ser alvo de bombardeios russos, no começo da Invasão da Ucrânia pela Rússia. O incêndio começou entre 3h e 4h no horário local e foi controlado em torno de duas horas e meia depois. Não houve vítimas.

"Se explodir, será dez vezes maior que Chernobyl! Os russos devem imediatamente para os ataques, permitir [o trabalho dos] bombeiros, estabelecer uma zona de segurança", escreveu na época, no Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba. 

le (ots)