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Rússia isola civis e soldados ucranianos em Sievierodonetsk

14 de junho de 2022

Todas as pontes para a cidade foram destruídas, impedindo retirada de civis e envio de ajuda. Situação se assemelha a Mariupol, dizem tropas locais. Nova vala coletiva é encontrada em Bucha. Kiev investiga 12 mil mortes.

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Fumaça se ergue em meio a confronto entre ucranianos e russos em Sievierodonetsk
Bombardeio em meio a confronto entre ucranianos e russos em SievierodonetskFoto: Aris Messinis/AFP/Getty Images

Tropas russas destruíram nesta segunda-feira (13/06) as últimas rotas possíveis para a retirada de civis da cidade ucraniana de Sievierodonetsk, palco de violentos confrontos nas últimas semanas.

A última ponte no entorno da cidade, na região do Donbass, foi destruída, aprisionando os civis que ainda estão na região e tornando impossível a entrega de ajuda humanitária, afirmou o governador regional Serguei Gaidai. Ele disse que 70% da cidade estaria sob controle das tropas invasoras.

A agência russa de notícias RIA Novosti reproduziu uma declaração de um grupo separatista pró-Moscou, dizendo que os soldados ucranianos estariam isolados em Sievierodonetsk. Ele deu um ultimato para que se rendam ou morram.

Um porta-voz da Legião Internacional pela Defesa da Ucrânia, que possui combatentes em Sievierodonetsk, disse que situação na cidade se assemelha à do cerco a Mariupol, "com uma grande quantidade de defensores da Ucrânia bloqueados do resto das tropas ucranianas".

Antes da queda de Mariupol para as forças russas, no mês passado, centenas de soldados e civis ucranianos ficaram isolados durante semanas na siderúrgica de Azovstal, em condições bastante precárias, após a cidade ser alvo de um brutal cerco imposto pelas forças russas.

A conquista de Sievierodonetsk poderá abrir caminho para outras cidades estrategicamente importantes, como Sloviansk e Kramatorsk.

"Um dos episódios mais brutais da história da Europa"

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse nesta segunda-feira que a batalha pelo Donbass entrará para a história como um dos episódios mais brutais da história da Europa.

"Para nós, o custo dessa batalha é alto demais. É simplesmente assustador", afirmou.

"Chamamos a atenção diariamente dos nossos parceiros para o fato de que, somente com uma quantidade suficiente de artilharia moderna, poderemos assegurar nossa vantagem", ressaltou o líder ucraniano.

O primeiro-ministro do país, Mykhailo Podolyak, disse que a Ucrânia necessita ainda de mil obuses, 500 tanques e mil drones, além de outros itens de artilharia pesada.

Kremlin: objetivo é "proteger" Donbass

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, assegurou que o objetivo da Rússia é proteger as províncias separatistas de Donetsk e Lugansk, localizadas na região do Donbass, após os líderes insurgentes pedirem a Moscou o envio de tropas adicionais.

Após fracassar ao tentar tomar a capital, Kiev, a Rússia concentrou seus esforços na região do Donbass, onde os separatistas já ocupavam uma parte significativa do território desde 2014.

Mais vítimas em vala coletiva

A Anistia Internacional acusou a Rússia de cometer crimes de guerra, ao afirmar que os ataques russos em Kharkiv, com a utilização de bombas de fragmentação, mataram centenas de civis.

Em Bucha, cidade que viveu um impiedoso massacre durante um mês em que esteve ocupada por tropas russas, equipes locais descobriram uma nova vala coletiva, onde estavam enterrados sete mortos.

Segundo a polícia local, alguns deles estavam com as mãos e os joelhos amarrados e com marcas de tiros.

Desde a retirada dos soldados russos de Bucha, no final de março, as autoridades afirmam ter encontrado 1.316 cadáveres, muitos deles em valas comuns.

O chefe da Polícia Nacional, Igor Klimenko, informou que foram abertas investigações criminais pelas mortes de mais de 12 mil ucranianos.

Ele afirmou que as execuções em massa também foram feitas por atiradores em tanques e blindados. O policial não especificou quantas das 12 mil vítimas seriam civis ou militares.

rc (Reuters, AFP, AP)