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Síria vive crise de saúde mental infantil, diz estudo

7 de março de 2017

Relatório da organização Save the Children afirma que estado constante de medo vivido por crianças sírias causa estresse tóxico, aumentando o risco de depressão e suicídio. Metade não se sente segura na escola ou na rua.

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Syrien Kinder Symbolbild
Para quase 90% dos adultos, as crianças passaram a demonstrar mais nervosismo desde o início da guerraFoto: Getty Images/AFP/S. Al-Doumy

Seis anos de guerra na Síria causaram uma crise de saúde mental entre as crianças do país, segundo afirmou uma pesquisa da organização Save the Children divulgada nesta segunda-feira (06/03).

O estudo, que entrevistou mais de 450 crianças, pais, professores e psicólogos em sete regiões sírias, sugere que os bombardeios e a violência contínua no país fazem com que as crianças vivam num estado constante de medo, o que pode gerar uma condição conhecida como estresse tóxico.

Se não for tratado, o estresse tóxico infantil é capaz de impactar na saúde física e mental dessas crianças durante toda a vida adulta, aumentando o risco a longo prazo de suicídio, doenças cardíacas, diabetes, dependência de substâncias tóxicas e depressão, explica a organização internacional.

De acordo com o estudo, a pressão psicológica constante se manifesta de diferentes formas em crianças, como na perda da habilidade de se comunicar, por exemplo. Entrevistados também relataram aumento na autoagressão e nas tentativas de suicídio entre crianças de até 12 anos.

Metade das crianças afirmaram que não se sentem seguras na escola ou brincando na rua. Além disso, 49% das crianças sentem angústia e tristeza extrema sempre ou durante a maior parte do tempo, e 89% dos adultos disseram que seus filhos e alunos têm demonstrado mais medo e nervosismo.

A guerra na Síria completa seis anos na próxima semana, tendo causado mais de 300 mil mortes e deslocado pelo menos metade da população síria. Dois terços das crianças entrevistadas disseram ter perdido um ente querido, tido sua casa bombardeada ou sofrido ferimentos relacionados ao conflito.

A pesquisa também revelou que 51% das crianças recorreram às drogas para lidar com o estresse, e 71% passaram a urinar involuntariamente em público ou na cama, um sintoma comum do estresse.

"Esse é o resultado de seis anos de guerra, e é uma tragédia que não pode continuar", afirmou a presidente da Save the Children, Carolyn Miles, em comunicado divulgado pela organização. "Podemos eliminar o estresse tóxico que muitas crianças estão sofrendo se for interrompido o bombardeio em áreas civis e for possível levar ajuda humanitária e apoio psicológico a todos."

EK/ap/dpa/efe/rtr/ots