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Poder aquisitivo

24 de setembro de 2007

Poder aquisitivo dos trabalhadores alemães encontra-se no patamar mais baixo desde 1986, afirma jornal. Estatística esquenta o debate sobre a introdução de salário mínimo no país.

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Loewenstein: 'Até 150 mil empregados da construção civil ganham menos do que o salário mínimo'Foto: AP

Um total de 15.845 euros é o que um trabalhador alemão com carteira assinada ganhou, em média, no ano passado, após descontar os impostos e as contribuições sociais e considerar a evolução do custo de vida.

Esse valor corresponde aproximadamente ao poder aquisitivo real de 1986, equivalente a 15.785 euros, registrado na então Alemanha Ocidental. É o que aponta uma estatística do Ministério alemão do Trabalho, divulgada pelo jornal Bild, de maior circulação no país.

Segundo o jornal, os descontos feitos na folha de pagamento atingiram um novo recorde em 2006. Em média, cada trabalhador teria pago 9.291 euros de impostos e contribuições sociais. Em 1986, esses descontos correspondiam a 5.607 euros.

O valor do salário bruto aumentou 48% no mesmo período, passando de 22.333 euros para 33.105 euros por ano. Por causa da inflação, porém, o trabalhador ficou com menos dinheiro no bolso. Enquanto os salários aumentaram 4,1% nos últimos cinco anos, a inflação subiu 7,1% no período.

O diretor do Instituto de Trabalho e Economia (IAW) da Universidade de Bremen, Rudolf Hickel, disse ao site Spiegel Online que essa queda do poder aquisitivo se deve ao corte de adicionais, como os abonos de férias e de Natal, realizado nos últimos anos.

Salário mínimo

Os dados publicados pelo Bild e citados por meios de comunicação da Alemanha esquentam o debate sobre a introdução de um salário mínimo no país. A Conferadação dos Sindicatos Alemães (DBG) defende um salário mínimo de 7,50 euros por hora, mas o governo de coalizão se opõe a um mínimo nacional e favorece a adoção de salários mínimos setoriais.

No último dia 17, o Ministério alemão do Trabalho sugeriu tornar obrigatório um salário mínimo para o setor eletrotécnico, que emprega cerca de 270 mil pessoas. O valor acertado em negociação com os sindicatos patronais e de trabalhadores foi de 7,70 euros para o Leste alemão e de 9,20 euros para o oeste do país.

Na semana passada, o governo federal aprovou uma proposta de salário mínimo de até 9,80 euros/hora para os funcionários dos correios, negociada entre a Deutsche Post e os sindicatos do setor de serviços Verdi. Segundo informações da mídia, a chanceler federal Angela Merkel estaria exigindo uma renegociação desse acordo para torná-lo viável também às concorrentes da Deutsche Post.

Na opinião do presidente da Federação Alemã da Indústria de Construção Civil, Hans-Hartwig Loewenstein, salários mínimos setoriais não necessariamente impedem o dumping salarial. "Até 150 mil empregados da construção civil ganham menos do que o salário mínimo", disse ao jornal Frankfurter Rundschau.

Com base numa lei nacional (Entsendegesetz), os operários da construção civil têm de receber, no mínimo, 8,90 euros/h no Leste alemão e 10,36 euros/h no resto do país. Segundo Loewenstein, "sem essa regra, viria ainda mais mão-de-obra barata do Leste Europeu para os canteiros de obras da Alemanha". (gh)