Sarkozy briga por votos na França
21 de abril de 2012Nikolas Sarkozy, atual presidente francês e candidato à reeleição na votação do primeiro turno do próximo domingo (22/04), aparece na mídia diariamente. Ora apresenta uma carta ao povo francês ou entra em contato direto e amistoso com os cidadãos, ora causa polêmica em eventos de campanha. O político, de origem húngara e greco-judaica, é conhecido pela clareza de suas palavras.
A fama internacional veio em 2005, quando o político visitou a família de um menino de 11 anos, morto por uma bala perdida em uma guerra de gangues na cidade de La Courneuve, vizinha a Paris. Ocupando na época o cargo de ministro do Interior, ele era responsável pela segurança em subúrbios das grandes cidades francesas, abalados pela criminalidade, pelo desemprego e pela falta de perspectiva.
Meses depois, dois jovens de famílias de imigrantes morreram ao fugirem da polícia em uma subestação, devido a descargas elétricas. Em resposta, protestos violentos tomaram conta de diversos subúrbios, onde carros foram incendiados. E novamente Sarkozy estava presente e pronunciou palavras claras. "Àqueles que incendiaram um ônibus e levaram uma criança de 18 meses ao hospital, eu digo que são a escória da sociedade'."
Segurança em questão
De 1983 a 2002, Sarkozy fora prefeito da rica cidade de Neuilly-sur-Seine, nas imediações de Paris. Mas foi como ministro do Interior – primeiro sob o comando do primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin e depois de Dominique de Villepin, ocupando nesse meio-tempo o cargo de ministro de Economia e Finanças por um breve intervalo – que o político conseguiu lidar com seu tema preferido: imigração e segurança interna. "Quem quiser morar na França e usufruir do direito de residência deve respeitar a lei" era a sua mensagem.
Em 6 de maio de 2007, Sarkozy foi eleito presidente da França pela primeira vez. Também na política externa, o até então ministro do Interior encontrou uma linha de atuação. Em sua primeira visita a Berlim como presidente, ele declarou que, depois de tantos testes, nada poderia sacrificar a amizade franco-alemã.
Política externa
Sarkozy e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, gostam de demonstrar essa amizade. Durante a crise da dívida do euro, a ligação entre os dois solidificou-se na imagem da dupla encarregada de tirar a Europa da crise.
Mas também fora do continente, o presidente francês mostrou ter pulso firme em relação à política externa. Sob seu comando, a França foi o primeiro Estado europeu a reconhecer o governo de transição na Líbia, em 2011. E, diferentemente da Alemanha, Sarkozy posicionou-se a favor de ataques aéreos à Líbia como medida contra o governo Kadafi. O líder francês declarou, entretanto, que o futuro da Líbia dependeria apenas dos líbios e a França não pretendia decidir em seu lugar. "Mas se interviermos ao lado dos Estados árabes, que seja em nome de uma consciência universal que não tolera crimes desse tipo."
Queda de popularidade
Apesar de tudo, há tempos a popularidade de Sarkozy está em baixa. De acordo com as pesquisas, os eleitores se interessam principalmente pelo tratamento que o futuro presidente irá dar a temas como emprego, seguridade social e controle da crise econômica. Nesse sentido, Sarkozy parece não lhes ter convencido. Também a agitada vida pessoal – ultimamente envolvendo a terceira esposa, a ex-modelo Carla Bruni, e a filha do casal, Giulia – não ajudaram a melhorar a imagem do presidente.
Mas em março deste ano, o cenário mudou a partir dos ataques em Toulouse e Montauban, nos quais sete pessoas morreram – incluindo três crianças judias e um professor. "Trata-se de uma ataque à França", escreveu Sarkozy em sua "carta ao povo francês", lidando novamente com seu tema preferido, a segurança interna.
O presidente mostrou diplomacia em tempos de crise política interna. E teve sucesso. Pouco tempo após o ocorrido, o autor dos atentados foi preso. Em seguida, Sarkozy anunciou novas leis antiterrorismo. A popularidade do governante voltou a subir nas pesquisas. Rumo às eleições presidenciais, Sarkozy disputa agora uma corrida acirrada com o adversário socialista François Hollande.
Visando à reeleição, o atual presidente não hesita em se mostrar como um estadista ágil – o que, na opinião de Sarkozy, Hollande não é. O atual presidente tenta transmitir aos eleitores a ideia de que somente com dinamismo é possível superar a crise pela qual a França vem passando nos últimos anos. "A França sofreu, mas superou a crise porque nós agimos. A imobilidade nos teria arruinado."
Pesquisas eleitorais e previsões indicam, entretanto, a derrota de Sarkozy nas eleições deste domingo. Hollande aparece como vencedor, no mais tardar no segundo turno, a ser realizado no próximo dia 6 de maio.
Autor: Klaus Jansen (lpf)
Revisão: Carlos Albuquerque