Schröder viaja pelo Golfo Pérsico
27 de fevereiro de 2005Sete países compõem a rota da viagem que o chanceler federal Gerhard Schröder realiza, a partir deste domingo (27/02), até o próximo sábado (05/03): Arábia Saudita, Catar, Kuweit, Barein, Iêmen, Omã e Emirados Árabes Unidos. É uma verdadeira maratona por todo a Península Arábica, acompanhada de grandes ambições.
"A Arábia Saudita nada em dinheiro"
A primeira etapa é a Arábia Saudita, maior nação da região e país mais rico em petróleo do mundo. A alta do preço do petróleo, no ano passado, engrossou em 106 bilhões de dólares as fortunas depositadas nos cofres do reino. "O país nada em dinheiro", escreve, de forma nada diplomática, a embaixada alemã em Riad.
A liderança saudita pretende investir bilhões, nos próximos anos, em projetos de infra-estrutura e na construção de novas indústrias, o que representa uma enorme chance para empresas do mundo inteiro. Claro que os alemães não querem dormir no ponto. Schröder carrega grandes projetos em sua bagagem.
Nova oportunidade para o Transrapid
Os ministros dos Transportes do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) chamaram a atenção com novos projetos de infra-estrutura. A idéia deles é ligar todos os países do Golfo, do Kuweit a Omã, com o Transrapid, num percurso de quase 2000 quilômetros de extensão. O trem-bala desenvolvido na Alemanha não conseguiu até hoje ser instalado em nenhum lugar "em casa", transitando apenas num percurso de cerca de 30 quilômetros em Xangai. Se a delegação alemã assinar de fato, como previsto, uma declaração de intenções com representantes dos países do Golfo para a construção de um percurso para o Transrapid, isto pode abrir novas oportunidades para o trem de levitação magnética "made in Germnay".
DW-TV em árabe
No Kuweit, o chefe de governo da Alemanha e o diretor-geral da Deutsche Welle, Erik Bettermann, vão inaugurar um novo projeto que tem em vista a aproximação entre a Europa e o mundo árabe. A partir de 28 de fevereiro, a DW-TV transmitirá diariamente três horas de programação em árabe, através do satélite egípcio NileSat. As transmissões poderão ser captadas por nove milhões de lares em toda a região.
Prestígio dos produtos alemães
Os empresários alemães que acompanham Schröder em sua viagem sabem que os produtos alemães gozam de grande prestígio na região. Sua meta agora é transformar a fama em encomendas concretas.
As condições para tanto são favoráveis. No contexto da guerra no Iraque, a posição da Alemanha foi observada com muita atenção nos países árabes. As manifestações antiguerra da população e a posição inabalável do governo alemão multiplicaram a popularidade do país na região – tanto no seio da população como nas lideranças políticas. O governo alemão e os países árabes não se cansam de acentuar o clima positivo reinante.
Questões críticas
À parte da euforia, há organizações alemãs que exigem um diálogo sobre questões críticas, tais como os direitos humanos. Mas ninguém sabe se o chanceler federal tocará no assunto. O encarregado do governo federal para questões de direitos humanos, Tom Koenigs, diz abertamente que a situação quanto à observação dos direitos humanos é insatisfatória em todos os países que Schröder visitará. Mas é sabido também que as lideranças desses países costumam reagir com irritação a qualquer ingerência em problemas "internos". É bem provável, portanto, que o chanceler desista de fazer perguntas delicadas, levando em consideração a boa vontade reinante no setor econômico com relação aos alemães. A Arábia seduz os alemães com dinheiro e boa lábia.