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Selo único para comércio justo

(sv)27 de fevereiro de 2003

A Transfair, organização que outorga a produtos o selo de comércio justo, unifica seu sistema em 13 países europeus. Pagamento adequado ao produtor e rejeição ao trabalho infantil são critérios para merecer o selo.

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Preços justos a quem produz é premissa do comércio lealFoto: TransFair

O preço do café na Alemanha atingiu os níveis mais baixos dos últimos 30 anos. Aos comerciantes e grandes cadeias de supermercado, pouco ou nada interessa se nos países produtores o processamento do café acontece sob condições inumanas para os agricultores envolvidos. Em 13 países europeus, há desde o início de 2003 um selo comum, que pretende apoiar um outro tipo de comércio internacional, o chamado comércio justo ou leal.

"Quem compra produtos com esse selo, reconhece e valoriza o direito dos produtores a um pagamento adequado. Todo aquele que vende café, chá, suco de laranja ou também produtos manufaturados, tem direito a condições de vida dignas e a um pagamento decente", afirma Heidemarie Wieczorek-Zeul, ministra alemã do Desenvolvimento e da Cooperação Econômica.

Orgânicos -

Produtos com o selo do comércio justo são hoje oferecidos por cerca de 22 mil supermercados alemães, sendo consumidos por cerca de três milhões de pessoas no país. Destes produtos, 40% respeitam as regras do cultivo orgânico, acentua Renate Künast, ministra alemã da Agricultura e Defesa do Consumidor. Pelo menos 800 mil famílias em 41 países do chamado Terceiro Mundo são beneficiadas pelas transações do comércio justo.

A federação Fairtrade, que atua em 17 países, estabelece determinados critérios na compra dos produtos. "De acordo com nossos padrões, crianças abaixo de 15 anos não podem trabalhar. Isso é controlado através de inspetores, que chegam nos locais de colheita e produção sem aviso prévio. Conversamos também diretamente com os agricultores, de forma a convencê-los a ter coragem de nos avisar, em caso de envolvimento do trabalho infantil", observa Luuk Zonnefeld, diretor da Fairtrade.

Por muito tempo, como ressalta o ministro alemão do Meio Ambiente, o verde Jürgen Trittin, ouvia-se muito dizer que a defesa do meio ambiente e o combate à pobreza em países do Terceiro Mundo eram coisas extremamente incongruentes. Hoje, sabe-se que quanto maior o grau de pobreza, também piores são as conseqüências para o meio ambiente.

Preços -

Nos últimos dez anos, a Transfair vendeu na Alemanha 70 milhões de pacotes de café produzido e comercializado de acordo com suas diretrizes. O preço final para o consumidor, diga-se de passagem, é mais alto do que o pago pelo café convencional. "Quando se tem em mente as dimensões reais do que um agricultor sofre sob a concorrência brutal do mercado mundial, percebe-se que o que ele acaba recebendo por um quilo do café não torrado é menos do que um alemão paga por um espresso em um restaurante", conclui Trittin.

A quantidade de café que chega à mesa alemã via comércio justo fica ainda em torno de 1% do mercado. No entanto, hoje, pelo menos, o consumidor tem acesso as produtos Transfair em supermercados comuns, o que não acontecia há dez anos, quando apenas lojas especiais ofereciam as mercadorias oriundas do comércio leal. Desde 1992, esse tipo de comércio movimenta na Alemanha 560 milhões de euros, oferecendo um leque de produtos cada vez mais amplo.