Sem recorrer, Moro desiste de candidatura por São Paulo
10 de junho de 2022O ex-juiz Sergio Moro não poderá mais concorrer a cargos políticos nas eleições de outubro deste ano pelo estado de São Paulo. Nesta quinta-feira (09/06), o Tribunal Eleitoral paulista emitiu a certidão de trânsito em julgado da decisão que barrou Moro (União Brasil) de concorrer pelo estado no próximo pleito.
Como o ex-juiz não recorreu da sentença, o caso está encerrado. Dessa forma, só deve restar a Moro apresentar alguma candidatura pelo estado do Paraná, seu domicílio eleitoral original.
No ano passado, Moro anunciou sua intenção de concorrer à presidência da República. Em março, após deixar bruscamente o Podemos e se filiar ao União Brasil, ele acabou tendo seus planos vetados pela cúpula do novo partido e foi alvo críticas de antigos aliados. No mesmo mês, o ex-juiz paranaense transferiu seu domicílio eleitoral para São Paulo, indicando um hotel como local de residência. Moro passou então a indicar que poderia disputar a eleição para o cargo de Senador em São Paulo.
No entanto, o ex-juiz, que nasceu em Maringá (PR) e fez carreira em Curitiba, passou a ser alvo de uma ação movida pelo deputado petista Alexandre Padilha e pelo diretório do PT na cidade de São Paulo, que argumentaram que Moro jamais efetivamente residiu e nunca teve vínculos empregatícios no município e, por isso, não poderia ser autorizado a representar São Paulo no Congresso Nacional.
O PT ainda argumentou que a mudança solicitada por Moro não possuía objetivo "tão somente de exercício da cidadania, mas de se candidatar ao pleito de 2022".
Moro foi responsável direto pela prisão do ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva em 2018, tirando o político da disputa eleitoral daquele ano e favorecendo Jair Bolsonaro.
Pouco depois do segundo turno, Moro passou a integrar o governo do novo presidente de extrema direita. Moro e Bolsonaro acabaram tendo uma convivência conturbada e hoje são adversários que disputam influência no campo da direita e da extrema direita. Moro, que tinha apenas experiência como juiz antes de entrar para o governo, tem tido mais dificuldade que Bolsonaro para se firmar no cenário político e vem acumulando uma série de revezes.
Derrota em julgamento
Na última terça-feira, Moro foi derrotado no julgamento do processo por quatro votos a dois no TRE-SP, que considerou irregular a transferência do título eleitoral para São Paulo.
De acordo com informações publicadas pela jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, os autores da ação apontaram, entre outras evidências, que Moro nem se deu ao trabalho de indicar São Paulo como local de residência em suas redes sociais.
Mesmo fotos publicadas pela mulher do ex-ministro acabaram sendo usadas contra o ex-juiz. Em uma publicação, Rosângela Moro exibiu imagens do Mercado Municipal de São Paulo e do célebre sanduíche de mortadela vendido no local. Para os autores da ação, as fotos só reforçaram o argumento que o roteiro do casal na cidade era puramente turístico.
Rosângela também transferiu seu domicílio eleitoral para São Paulo com a intenção de se candidatar, mas não foi alvo da ação movida pelo PT. Por enquanto, ela segue livre para disputar eleições no estado.
"Não se está a afirmar que o recorrido agiu de má-fé ou dolo no sentido de ludibriar a Justiça Eleitoral, mas sim que não se comprovou nos autos, de fato, que possuía algum vínculo com São Paulo quando solicitou a transferência do domicílio eleitoral", afirmou o juiz Maurício Fiorito, relator do processo no TRE-SP.
Sem a possibilidade de concorrer por São Paulo, o futuro político de Moro se mostra complicado. Aliados especulam que ele deve agora disputar pelo Paraná uma vaga no Senado. No entanto, o campo está congestionado no estado, com apenas uma vaga em jogo, atualmente ocupada por Alvaro Dias, ex-aliado de Moro que pretende concorrer à reeleição. Moro também não deve contar com apoio do governador do estado, Ratinho Jr. (PSD), um aliado de Jair Bolsonaro.
gb/jps (ots)