Senado rejeita orçamento e governo Trump sofre "apagão"
20 de janeiro de 2018O governo dos Estados Unidos iniciou neste sábado (20/01), dia em que celebra um ano da posse de Donald Trump como presidente, uma paralisação parcial por falta de fundos, forçada pela recusa dos democratas em aprovar orçamentos que condicionam a regularização de aproximadamente 800 mil jovens indocumentados.
Trump iria viajar para Flórida com o objetivo de comemorar a data com uma grande festa em sua mansão Mar-a-Lago, em Palm Beach, mas teve que cancelar o voo e ficar em Washington diante da possibilidade de um iminente fechamento de governo, que realmente se materializou.
Trata-se do primeiro fechamento do Executivo desde outubro de 2013, quando o então presidente Barack Obama enfrentou 16 dias de paralisação com o bloqueio exercido pelos republicanos.
Na ocasião, Obama mandou mais de 800 mil funcionários públicos – aqueles considerados "não essenciais" – para suas casas, fechou museus e parques nacionais, além de cancelar tratamentos experimentais em centros federais de pesquisa médica.
O governo Trump afirmou nesta sexta-feira que, desta vez, tentará minimizar o impacto para a população americana, evitando, por exemplo, o fechamento dos parques nacionais.
No entanto, a Casa Branca já anunciou que vai dispensar mais de mil de seus 1.715 funcionários e o secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, disse que algumas operações militares de inteligência ficam suspensas à espera de fundos.
A proposta derrubada pelo Senado no final da noite desta sexta-feira proporcionou ao governo o financiamento apenas até o dia 16 de fevereiro, prolongando assim o prazo de negociação entre democratas e republicanos para os orçamentos definitivos.
O presidente americano não conseguiu o apoio necessário para aprovar uma extensão provisória do orçamento. Eram necessários 60 votos para que a medida entrasse em vigor e evitasse a paralisação parcial da máquina pública. O placar, no entanto, terminou com 50 votos favoráveis e 49 contrários.
Além da pressão dos democratas ao governo de Trump, o "xis" da questão do atual fechamento está no futuro dos aproximadamente 800 mil jovens indocumentados conhecidos como "sonhadores".
O status legal com o qual o ex-presidente Barack Obama dotou a estes jovens expira em 5 de março, data a partir da qual poderiam ser deportados, após Trump ter acabado com o programa que os protege.
Os democratas condicionaram seu apoio às contas se Trump e os republicanos concordassem em regularizar a situação deles, mas não deram o braço a torcer.
Casa Branca não negociará status dos "sonhadores"
Logo assim que foi consumado o fechamento, a Casa Branca emitiu um comunicado advertindo aos democratas que "não negociará" o status dos "sonhadores" para obter novos fundos e que não vai sentar para falar sobre a reforma migratória até que desbloqueiem a situação.
"Não negociaremos a situação dos imigrantes ilegais, enquanto os democratas mantêm nossos cidadãos legais reféns das suas irresponsáveis exigências. Este é um comportamento de perdedores obstrucionistas, não de legisladores", disse a Casa Branca em nota.
Com o governo fechado, republicanos e democratas já começaram algumas negociações, nas quais ambos tentarão não ficar diante do povo americano como os responsáveis da situação de paralisia em que mergulharam o Executivo.
Os dois partidos estão conscientes de que enfrentam as eleições para o Congresso em novembro e, enquanto os democratas não pretendem arriscar as cadeiras que apostam ganhar, os republicanos não querem ser vistos como incapazes de administrar sua maioria.
Se trata, de fato, da primeira vez na história que um fechamento de governo acontece com um mesmo partido, neste caso o republicano, controlando a Casa Branca e as duas câmaras legislativas.
O líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, já iniciou os trâmites para levar a votação uma nova proposta para financiar o governo até o dia 8 de fevereiro, ao invés do dia 16, embora não seja claro que tenha o apoio dos democratas.
Por sua vez, o líder democrata, Chuck Schumer, disse que Trump e ele tinham negociado já um acordo nesta sexta-feira à tarde, mas acusou o presidente de recuar diante das pressões do seu partido.
Na ausência de consequências mais graves, os democratas conseguiram arruinar a festa de Trump em comemoração de seu primeiro ano na Casa Branca.
FC/efe/dpa/rtr/lusa/afp
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