Referendo na Itália
13 de junho de 2011A participação de pelo menos 50% dos eleitores era condição para que o resultado do referendo de dois dias, realizado no domingo e nesta segunda-feira (13/06) na Itália, fosse juridicamente vinculativos.
Apurados mais de 80% dos votos, o referendo contou com a participação de cerca de 57% dos 47 milhões de italianos aptos a votar e de outros 3 milhões que vivem no exterior. Esta foi a primeira vez em 16 anos que um referendo popular alcançou o quórum necessário na Itália.
Segundo dados preliminares divulgados pelo jornal La Repubblica, mais de 90% dos italianos que votaram no referendo se posicionaram contra os planos de Berlusconi de construir novas centrais nucleares no país, contra a privatização da água e contra a lei do "impedimento legal", que dispensa Berlusconi e membros de seu governo de comparecerem perante a Justiça.
Rejeição ao governo
Após a derrota nas eleições municipais de maio, o referendo era considerado um teste para a popularidade do primeiro-ministro, envolvido em diversos escândalos e processos. Apesar de vários ministros terem instado a população a boicotar o referendo, a participação de elevado número de opositores de Berlusconi na votação mostra a grande rejeição às propostas governamentais, disseram observadores.
O resultado do referendo pode ameaçar seriamente a frágil coalizão conservadora chefiada por Berlusconi. Píer Luigi Bersani, presidente do Partido Democrático, principal partido de oposição na Itália, disse que, "neste ponto, eles deveriam renunciar".
Umberto Bossi, chefe do principal parceiro de coalizão de Berlusconi, a poderosa Liga Norte, disse que "Berlusconi perdeu a habilidade de se comunicar na televisão. Esta é simplesmente a verdade."
Sinais fortes
Com a rejeição dos italianos à energia nuclear, o líder da bancada verde no Parlamento Europeu, Daniel Cohn-Bendit, disse que o voto italiano "pode abrir uma séria fase de reflexão em outros Estados-membros [da União Europeia]".
O voto contra a chamada lei do "impedimento legal" também pode ser entendido como um forte sinal de descontentamento dos eleitores diante dos problemas judiciais do primeiro-ministro.
No momento, Berlusconi está envolvido em três processos judiciais, que incluem acusações de suborno, fraude e prostituição de uma menor de idade de 17 anos, este último conhecido como Caso Ruby.
CA/afp/rtr
Revisão: Alexandre Schossler