Simuladores recriam situações cotidianas para treinamento e prevenção
1 de outubro de 2012Simuladores são poderosas ferramentas tecnológicas para prever situações de risco, como o Futurando desta semana mostrou. Você viu que na maior estação de trem do Japão, o fluxo de milhares de pessoas é planejado por computadores. Com isso, pontos de estrangulamento podem ser antevistos e medidas tomadas para evitar problemas. Mas existem outras funções para os simuladores, como o treinamento de profissionais. Até mesmo jogos usam esse tipo de tecnologia, e os cientistas têm investido em pesquisa para melhorar os modelos de simulação.
Pilotos de avião estão entre os que mais se beneficiam de simuladores e podem adquirir experiência com um específico tipo de aeronave muito antes da primeira decolagem. A companhia aérea alemã Lufthansa é uma das empresas que usa da tecnologia e mantém um centro de treinamento com simuladores capazes de emular os diferentes modelos de avião da empresa.
Essas máquinas oferecem painéis idênticos às aeronaves, reproduzem virtualmente os cenários que o piloto encontraria em situações reais, e simulam ainda o movimento do avião durante os procedimentos. Até mesmo situações de crise podem ser recriadas, ajudando o piloto a desenvolver respostas rápidas que podem evitar acidentes.
No comando do trem
A companhia alemã de trens, Deutsche Bahn, também usa o recurso e possui simuladores dos diferentes modelos de trem espalhados pelo país. Em Fulda, no estado de Hessen, futuros condutores podem testar as capacidades do trem ICE 3 (Intercity Express), veículo que pode andar a uma velocidade de até 300 quilômetros por hora. Além de treinar manobras, os maquinistas precisam conhecer todo o complexo sistema de navegação para transportar em segurança os 340 mil passageiros que utilizam algum dos modelos ICE diariamente na Alemanha e países vizinhos.
Para quem quiser experimentar a sensação de sentar na cabine de um trem alemão, a empresa lançou um jogo on-line em que o jogador é o maquinista. Neste caso, o painel de controle é muito mais simples, e a missão é gastar a menor quantidade de energia para cumprir um trajeto em um período determinado de tempo.
Mas essa não é a única opção divertida dos simuladores. Jogos populares como SimCity e The Sims simulam situações cotidianas. No primeiro, o jogador assume a posição de prefeito e deve planejar a cidade, oferecer serviços de segurança, educação, transporte e zelar pelo bem-estar da comunidade. No segundo, cada jogador assume um avatar – ou um grupo deles – e precisa atender necessidades diárias do personagem como alimentação e higiene, além de integração social.
Pesquisa de movimentos
No entanto, a simulação de comportamento não é exclusividade da indústria de entretenimento. Pesquisadores trabalham com pesquisas sérias sobre o assunto, em projetos como o Gamma, abreviação para a descrição em inglês de Algorítimos Geométricos para a Modelagem, Movimento e Animação, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
Em uma das linhas de pesquisa, os cientistas gravam cenas reais em que um grupo de pessoas está em movimento e comparam com os modelos matemáticos de simulação. Com isso, conseguem perceber as diferenças e chegar a simulações mais precisas de ações cotidianas, como atravessar uma rua ou passagem estreita por onde um elevado número de indivíduos deve passar. O desafio dos pesquisadores é aumentar a precisão dos modelos, uma vez que o comportamento humano pode ser imprevisível.
Já pesquisadores do Trinity College, de Dublin, querem aperfeiçoar a relação entre os caracteres usados nos simuladores. Outra preocupação é que a representação de uma multidão virtual possa ser feita com caracteres distintos e não com a simples cópia de um mesmo avatar. Para tornar o comportamento dos personagens mais real, os pesquisadores tentam prever até mesmo pequenos incidentes, como o choque de dois avatares e a resposta de movimento de seus corpos, caso outro personagem empurre ou se choque com um deles. Essas são tentativas de tornar os modelos mais próximos de um grupo real de pessoas e de aperfeiçoar seus movimentos e reações, para que sejam cada vez mais naturais.