Tecnologia Rfid – uma revolução que começou nas estradas
17 de outubro de 2005O Rfid (Radio Frequency Identification) ou "identificação por radiofreqüência" não é uma tecnologia nova, já tendo sido usada, no passado, para fins militares na identificação de inimigos. Entretanto, com o avanço da cibernética, a possibilidade de armazenamento de dados em um microchip e a sua transmissão por meio de ondas de rádio a um aparelho leitor vêm transformar a tecnologia de identificação de passiva para ativa, com a sua utilização nos mais diversos campos de atividade. O código de barras está então com os seus dias contados.
O projeto de introdução do sistema de cobrança de pedágio para caminhões lançou a pedra fundamental da nova tecnologia na Alemanha. O consórcio que instalou o sistema de pedágio através de ondas de rádio para caminhões já havia anunciado a possibilidade de seu uso em carros particulares. Esta possibilidade, entretanto, foi recusada pelos secretários estaduais dos Transportes.
Nas estradas, no supermercado e até no médico
No setor alimentício, a tecnologia Rfid também está presente. No Fórum da última Anuga – a maior feira de alimentos do mundo – em Colônia, o chefe do grupo alemão do setor alimentício Metro, Hans-Joachim Körber, salientou o desenvolvimento desta tecnologia que irá mudar a face do setor comercial, em um período de cinco a dez anos.
A profissão de caixa está também com os dias contados, já que, através de tecnologia Rfid, o preço dos produtos poderá ser captado por um aparelho leitor, indicando imediatamente o total a pagar. Esta tecnologia já é utilizada no controle das mercadorias nos depósitos.
A maior feira mundial de medicina, a Medica, que será realizada entre 16 e 19/11 próximos em Düsseldorf, terá como um dos temas principais a introdução dos cartões de saúde eletrônicos, que possibilitarão ao médico o acesso ao dossiê eletrônico do paciente armazenado no chip. As autoridades sanitárias americanas aprovaram, desde 2004, a sua utilização subcutânea em humanos, os chamados VeriChips, que já vêm sendo utilizados em animais.
Passagens de avião e bibliotecas
Bilhetes aéreos em papel também serão coisa do passado. O chefe da Iata (Associação Internacional de Transportes Aéreos), Giovanni Bisignani, anunciou a intenção de substituir os bilhetes em papel por tecnologia de chip Rfid até o final de 2007. Também nas bibliotecas, a mudança do sistema de empréstimo de livros para a nova tecnologia está sendo efetuada.
Na opinião dos analistas financeiros da IDTechEx, companhia de tecnologia Rfid, o mercado mundial vai rapidamente quadruplicar – de 1,5 bilhão de euros, neste ano, para 5,5 bilhões de euros em 2008. Um dos grandes obstáculos é ainda o preço: cada pequeno transmissor custa 30 centavos de euro, preço que, através da produção em massa, deverá baixar drasticamente.
A fabricação de chips também é um importante fator de desenvolvimento do Leste alemão: na última sexta-feira (14/10), foi inaugarada em Dresden uma fábrica de chips da americana AMD, um investimento de cerca 2,5 bilhões de dólares.
Rfid no futebol e o preço da segurança
A chamada "bola inteligente", ou chip-ball, foi testada com sucesso no Mundial Sub-17, no Peru. Para a Copa 2006, na Alemanha, a tecnologia Rfid também deverá ser utilizada em bolas e nos ingressos durante os jogos. Estarão, assim, fora de cogitação, dúvidas quanto à marcação de gols ou quanto à autenticidade dos ingressos.
Os chips não armazenarão dados pessoais do portador, porém, por determinação da Fifa, o torcedor que compra o ingresso deverá ser o mesmo que vai ao estádio. Através de um controle aleatório nos estádios, os torcedores terão que apresentar a sua identidade, que será conferida, através do número do ingresso, com a do comprador.
Com um especial sobre o tema "Quanto controle suporta a democracia?", o programa de TV alemão 3sat chamou a atenção, este mês, também para um outro aspecto do chip Rfid, que virá certamente a modificar o nosso dia-a-dia: o tolhimento da liberdade individual através do armazenamento de dados pessoais.
Segundo o programa, o rápido desenvolvimento desta tecnologia foi ocasionado pelos atentados terroristas nos Estados Unidos, citando, por exemplo, a decisão da União Européia de introduzir o chip com os dados biométricos do portador (digitais, íris, características faciais) nos novos passaportes. Isto facilitaria a criminalística. Todavia, a prevenção de atentados terroristas terá, na opinião dos autores do documentário, um preço alto: a liberdade de milhões de cidadãos.