Turquia condena a prisão perpétua 337 por tentativa de golpe
26 de novembro de 2020A Justiça da Turquia condenou nesta quinta-feira (26/11) a prisão perpétua 337 acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado contra o presidente Recep Tayyip Erdogan, ocorrida em julho de 2016. A maioria dos condenados é militar.
Os acusados foram considerados culpados por "tentativa de derrubar a ordem constitucional", "tentativa de assassinato do presidente" e "homicídios voluntários". Entre os condenados, 291 receberam a pena de prisão perpétua "agravada", que inclui condições mais rígidas de detenção e substituiu a pena de morte, abolida no país em 2004.
No julgamento, iniciado em agosto de 2017, havia um total de 475 acusados, entre eles 25 generais e quatro membros do alto escalão da irmandade islamista liderada por Fethullah Gülen. Exilado nos Estados Unidos, o erudito e pregador é apontado pelo governo turco como comandante da tentativa de golpe. Ex-aliado de Erdogan, Gülen nega qualquer envolvimento na ação.
Esse é o maior caso aberto contra os participantes da ação, que engloba militares e civis pesentes na noite em da implementação do plano para tomar o poder, na base aérea de Akinci, nos arredores de Ancara, de onde voaram os caças que bombardearam a cidade. A tentativa de golpe deixou mais de 250 mortos e 2 mil feridos.
Entre os acusados, 365 estão em prisão preventiva, 104 em liberdade provisória e seis são considerados foragidos, entre eles, Gülen, alvo de recorrentes pedidos de extradição por parte do governo da Turquia.
O Ministério Público turco entregou um texto de acusação de 6 mil páginas, em que aponta os réus como autores de crimes de assassinato, violação da Constituição, tentativa de assassinato, tentativa de derrubar o governo, liderança de grupo terrorista armado, entre outros.
Outros 60 acusados receberam penas de prisão menores e 75 foram absolvidos. Entre as centenas de condenados, estão pilotos que bombardearam vários locais importantes da capital, Ancara, como o Parlamento, assim como os oficiais líderes do golpe na base militar de Akinci.
Desde a tentativa do golpe, as autoridades têm perseguido implacavelmente reais e supostos apoiadores de Gülen, numa escala sem precedentes na história moderna da Turquia. Várias dezenas de milhares foram presos e mais de 140 mil demitidos ou suspensos das suas funções.
Outros julgamentos relacionados ao caso resultaram na condenação de mais 2.800 acusados a prisão perpétua.
CN/efe/lusa/dpa/rtr