Ucrânia quer eleições em áreas controladas por separatistas
17 de março de 2015O Parlamento da Ucrânia aprovou nesta terça-feira (17/03) uma lei que estipula autonomia em territórios controlados por rebeldes pró-Rússia, no leste do país, somente após a realização de eleições locais de acordo com a legislação ucraniana e sob monitoramento internacional.
"A posição da Ucrânia é a de que vamos negociar com representantes de Donetsk e de Lugansk legitimamente eleitos e de acordo com a legislação ucraniana, em eleições reconhecidas por todo o mundo civilizado", afirmou o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, nesta terça-feira. "Não haverá outras eleições na Ucrânia."
Líderes separatistas criticaram a proposta, aprovada por 265 dos 347 parlamentares, e afirmaram que ela inviabiliza o acordo de paz acertado no mês passado após longas negociações. Apesar de violado diversas vezes desde que foi estabelecido, considera-se que o cessar-fogo de 12 de fevereiro ainda vem sendo, de maneira geral, respeitado.
Alexei Karyakin, líder da autointitulada República Popular de Lugansk, acusou Kiev de violar o acordo acertado com os separatistas ao não consultá-los sobre a realização de eleições. "A legislação eleitoral deveria ter sido trabalhada com os representantes dos territórios", afirmou Karyakin, segundo o Centro de Informações de Lugansk.
Para Denis Pushilin, da "República Popular de Donetsk", a proposta aprovada representa "um ponto sem volta ao acordo de Minsk".
Segundo o acordo acertado na capital de Belarus, representantes de Kiev e dos separatistas deveriam começar a discutir um modelo para a realização de eleições regionais no primeiro dia após a retirada de armas pesadas das áreas de confronto. O ministro ucraniano do Exterior, Pavlo Klimkin, afirmou em uma entrevista na segunda-feira que o recuo das armas já foi feito.
A aprovação da lei ocorreu em meio a novos relatos de vítimas no leste da Ucrânia. Três soldados ucranianos morreram e cinco ficaram feridos nas últimas 24 horas, segundo um porta-voz das Forças Armadas. Parte das vítimas foi alvo de ataques rebeldes, e outras acabaram sendo atingidas quando um veículo militar passou por uma mina, afirmou.
MSB/ap/afp/rtr