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Ucrânia investiga ataque que matou soldados em cerimônia

6 de novembro de 2023

Evento militar ao ar livre perto da linha de frente foi alvo de míssil russo. Bombardeio matou pelo menos 19 soldados e provocou críticas na Ucrânia.

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Volodimir Zelenski
Volodimir Zelenski lamentou as mortes e afirmou que essa foi "tragédia que poderia ter sido evitada"Foto: Efrem Lukatsky/AP/picture alliance

A Ucrânia iniciou uma investigação criminal contra oficiais militares que organizaram uma cerimônia de entrega de medalhas que acabou sendo alvo de um ataque russo, matando duas dezenas soldados na semana passada.

O Departamento Estadual de Investigação disse que o objetivo é responsabilizar os oficiais militares responsáveis pelo evento, celebrado como parte do Dia das Forças de Foguetes e Artilharia. A cerimônia ocorreu na sexta-feira (03/11), perto da linha de frente em Zaporíjia, numa posição exposta a drones de reconhecimento russos, que puderam identificar a aglomeração antes que o local fosse atingido por um míssil.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, lamentou as mortes e afirmou que essa foi "tragédia que poderia ter sido evitada". "Investigações criminais foram iniciadas", acrescentou o líder ucraniano numa publicação nas redes sociais no domingo. Zelenski ainda disse que deseja "estabelecer a verdade completa sobre o que aconteceu e evitar que tais incidentes voltem a acontecer".

O ataque provocou uma onda de críticas entre os ucranianos, que nas redes sociais se perguntaram sobre a pertinência de organizar um evento tão perto do campo de batalha. Os mortos faziam parte da 128ª Brigada de Infantaria de Montanha.

Imagens de drones divulgadas em um canal russo do Telegram mostram supostamente o ataque mortal contra a cerimônia ao ar livre. Nas imagens, após uma explosão, vários corpos, provavelmente de soldados ucranianos, são vistos caídos no chão.

O foco das investigações

O jornal americano New York Times, citando um oficial militar que não foi identificado, apontou que a investigação provavelmente deve se concentrar em entender como a Rússia soube do evento e foi capaz de atacá-lo. Ao realizar a cerimônia ao ar livre, os oficiais responsáveis também parecem ter violado regulamentos militares, acrescentou a fonte do jornal.

Um dos membros da brigada que estava no local disse ao jornal The Washington Post que houve uma "falha do comando, porque deviam ter dito 'muito bem, vamos entregar as medalhas por unidades e voltar para as trincheiras'". "Em resumo, relaxamos, e não levou muito tempo para nos golpearem", acrescentou o militar.

Há também relatos conflitantes sobre o número de baixas. Um soldado ucraniano disse em suas redes sociais que 22 pessoas morreram. A Rússia, por sua vez, avaliou que eliminou 30 soldados no ataque. O governo da Ucrânia, por sua vez, admitiu 19 mortos até o momento.

Deficiência na defesa aérea

No domingo, Zelenski mencionou as deficiências na defesa aérea do seu país e da supremacia aérea da força aérea russa em entrevista à emissora americana NBC. "A Rússia controla o céu", disse ele, renovando indiretamente o seu apelo para que o Ocidente envie jatos de combate para Kiev.

Na mesma entrevista, Zelenski afirmou que não está "pronto" para iniciar conversações de paz com a Rússia, a menos que Moscou retire suas tropas das áreas ocupadas.

Zelenski mencionou relatos de que altos funcionários europeus e americanos falaram com seu governo sobre o início de negociações para encerrar a guerra, depois de um comandante ucraniano dizer que o conflito está estagnado.

Os Estados Unidos "sabem que não estou pronto para conversar com os terroristas, já que suas palavras não valem de nada", disse Zelenski. "No momento, não temos nenhum relacionamento com os russos, e eles sabem que essa é minha postura", declarou o presidente. "Eles têm que sair do nosso território, somente depois disso o mundo pode iniciar a diplomacia", acrescentou.

jps/cn (dpa, AP, ots)